A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera provável o contágio do vírus da gripe aviária entre membros de uma família indonésia, segundo conclusões de uma reunião de analistas internacionais realizada em Jacarta. Ontem (24/06), a OMS anunciou que o vírus H5N1 [cepa mais letal da gripe aviária] sofreu uma pequena mutação, mas não chegou a evoluir a uma forma mais transmissível.
Seis dos sete infectados do povoado de Karo, na ilha de Sumatra, morreram. As vítimas foram infectadas pelo vírus H5N1 em maio último. Um oitavo parente foi enterrado antes que se pudessem recolher amostras, mas suspeita-se que ele também foi vítima da doença. Segundo a OMS, "seis deles provavelmente contraíram o vírus através da transmissão entre humanos".
A informação consta em um relatório sobre a investigação do caso distribuído durante a reunião de analistas. Segundo o relatório, o contágio aconteceu devido ao "contato prolongado das vítimas com uma parente deles, uma mulher de 37 anos que estava no período terminal da doença. No entanto, o ministro indonésio de Bem-Estar Social, Aburizal Bakri, evitou confirmar o resultado do relatório na entrevista coletiva realizada após o fim do encontro. Bakri se esquivou e reiterou inúmeras vezes que "uma transmissão sustentada, eficiente e ampla de pessoa para pessoa não ocorreu na Indonésia".
INFORMAÇÕES
Enquanto as autoridades indonésias relutam em dar mais detalhes da investigação sobre a família de Karo - o maior caso de contágio detectado até o momento no mundo todo -, os cidadãos continuam a defender uma maior transparência nas informações. Para o microbiólogo da Universidade de Hong Kong Malik Peiris, a comunidade internacional exige que o foco de atenção seja a erradicação da doença nas aves, "ao mesmo tempo o ponto de origem e a solução do problema".
A gripe aviária se espalhou por mais de 20 países na Ásia, África e Europa e causou a morte de dezenas de milhões de aves. Na Indonésia, foram detectados surtos desta doença em 29 das 33 Províncias, mas vários pesquisadores admitiram recentemente que a epidemia já se espalhou mais pelo arquipélago do que pensavam. "Nós achávamos que muitos casos não eram denunciados, mas não imaginávamos que seriam tantos", afirmou Jeff Mariner, analista em saúde animal da Universidade americana de Tufts.
(
Agora online, 25/06/2006)