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2006-06-26
Objetivando estudar o grau de desmatamento do município de Manaus, uma equipe do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam) promoveu um estudo dos 18 anos de desmatamento na área, no período de 1986 a 2004. Dessa forma concluiu-se que 22% da área urbana de Manaus, cerca de 9.601 hectares, foram desmatados. A coordenadora da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma), Rosana Subirá, frisou que existem programas que atuam em cima da degradação do meio ambiente, mas argumentou que a secretaria não pode impedir o crescimento da cidade. Na manhã de ontem (22), os dados foram apresentado no auditório do Sipam. A estimativa é que em 2007 seja feito um novo levantamento incluindo dados de 2005 e 2006.

Na década de 60, Manaus estava concentrada apenas nas zonas sul, centro-sul e centro-oeste. Com o passar dos anos e o crescimento da população, começaram a surgir as ocupações irregulares. Na década de 80, as zonas leste e norte começaram a surgir, e junto com elas a criação de novos bairros, ou ocupação tituladas pelos próprios moradores de bairros. Um exemplo disso é o bairro Zumbi, localizado na zona leste e formado através de invasões. Atualmente, Manaus tem 56 bairros, conforme dados do IBGE.

De acordo com a analista de divisão de análise ambiental do Sipam, Ana Cláudia Fernandes, em 2004, a FVS solicitou uma parceria com o Sipam para o estudo e levantamento de casos de malária na capital. O estudo não chegou a ser feito, mas ao invés disso, o Sipam direcionou uma pesquisa para a área desmatada de Manaus e conseqüentemente o crescimento populacional.

De acordo com a analista, esse crescimento populacional ajudou no aumento da área desmatada em Manaus. Com uma equipe de oito pessoas, foram geradas informações que pudessem subsidiar as camadas de decisão do poder público. “Hoje geramos informação sobre o crescimento da área urbana de Manaus e essas informações estão apontando um crescimento no desmatamento bastante significativo nos últimos 18 anos, seguido de um crescimento populacional. Esse crescimento surgiu dentro dos bairros que já estão consolidados e em ocupações regulares e irregulares”, explicou.

De acordo com ela, pôde-se identificar em quanto tempo as ocupações se consolidaram. Exemplos de ocupações irregulares, segundo ela, são os bairros Nova Vitória e a Carbrás. “Essas são ocupações formadas em menos de seis meses, onde as pessoas chegaram e desmataram, estabelecendo-se rapidamente. Como o poder público vai conseguir trabalhar com esse problema habitacional em Manaus, poderá ser discutido entre eles”, disse. O levantamento foi feito de 1985 a 2004 e a estimativa é que, em janeiro de 2007, seja feita uma nova pesquisa incluindo os anos de 2005 e 2006. “Agora já sabemos o total da área desmatada até 2004. O próximo levantamento será mais fácil”, frisou.

Conforme Ana Cláudia, o levantamento foi feito apenas na área urbana de Manaus, que corresponde a 4% da área total do município, cerca de 44 mil hectares, sendo 28 mil já desmatados. O município inteiro gira em torno de 11.400 quilômetros quadrados. “A zona leste foi a última a ser ocupada e ainda assim, é a mais devastada por conta do avanço populacional”, destacou. A zona leste tem 16 mil hectares, sendo que 40% pertencem à Suframa, conforme a analista. “Mesmo a zona leste sendo de maior no índice de desmatamento, a zona norte foi a que mais sofreu por ser a menor da cidade”, lembrou. O estudo levou oito meses para ser concluído, levando em consideração as pesquisas de campo, ocorridas duas vezes, um delas na zona leste e outra na zona norte. O prosseguimento nos estudos foi feito através de mapas, fotos via satélite e dados cedidos pelo IBGE. O total de área verde de Manaus é de 15.265 hectares e de área desmatada é de 28.835 hectares.

“ O objetivo do estudo é falar da expansão urbana de Manaus. Sabemos que o município teve um grande crescimento e desenvolvimento econômico. Com esse crescimento está havendo alguns problemas ambientais”, ressaltou. Ela citou ainda duas visitas a áreas verdes transformadas em lixeiras pelas comunidades adjacentes. Uma delas na zona norte e outra na zona leste.
(Amazonas em Tempo, 24/06/2006)
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