Três equipes de educação ambiental do Departamento de Esgotos Pluviais (DEP) são responsáveis pela limpeza e pela retirada de resíduos de córregos e arroios da Capital, entre eles Cavalhada, Sarandi e Moinho (no bairro Partenon). Cerca de 200 funcionários se encarregam de desentupir, diariamente, bocas-de-lobo e reparar os danos causados pelo excesso de material que corre nas canalizações. Entre o lixo removido estão garrafas plásticas, papéis e até geladeira e sofá.
Conforme explica a bióloga do DEP Cristina Bernardes, a limpeza nos arroios é feita manualmente ou por meio de retroescavadeiras. "Os resíduos que retiramos não podem ser usados novamente porque eles estão na água poluída e acabam sendo transportados para o aterro sanitário", salienta. Disse que, em vez de jogar os materiais na rua e nas águas, as pessoas precisam aprender a separar o seu lixo.
A ressalva é repetida pelo supervisor operacional do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), Geraldo Felippe. "Se não tivessem boiando nos arroios, esses resíduos serviriam para geração de trabalho e renda a muitas famílias." O risco do contato com o material contaminado impede que os resíduos retirados nas limpezas sejam enviados para reciclagem.
Existem 13 unidades de triagem de resíduos recicláveis licenciadas pela prefeitura, que recebem do DMLU cerca de 40 toneladas de resíduos por dia. Lá, são separados, agrupados em fardos e comercializados. "Além de encaminharmos os resíduos às unidades, levamos aqueles materiais que não conseguem ser vendidos e direcionamos para o aterro sanitário", informa Felippe. Atualmente, 800 pessoas estão envolvidas diretamente nos centros de triagem, recebendo até um salário mínimo. Estima-se que 4 mil famílias vivem do lixo seletivo desses locais.
O termo de cooperação assinado entre a prefeitura e as unidades de triagem, no início de maio, prevê o repasse mensal de R$ 2,5 mil a cada centro para auxiliar no pagamento da energia elétrica, na manutenção parcial do prédio e na aquisição de equipamentos, entre outros. "Sabemos que cada unidade tem facilidade para vender certos tipos de materiais. É preciso um assessoramento para que o aproveitamento da reciclagem seja maior e, por conseqüência, a geração de renda do trabalhador", complementa Felippe.
(Por Camila Granzotto Dias,
Correio do Povo, 25/06/2006)