Normalmente associados a feiras ecológicas e lojas
especializadas, os orgânicos ganham cada vez mais
espaço também nos supermercados. Com a 2ª Semana dos
Alimentos Orgânicos, que começou sexta-feira (23/0)e termina
sexta-feira (30/06), os donos de supermercados, em
parceria com o governo federal, planejam promover e
ampliar a venda desses produtos.
- Os orgânicos eram tratados como especialidades. A
oferta era pouca, e o preço, muito elevado. Queremos
desmitificar isso e massificá-los, para que o consumo
aumente e o preço baixe - diz o presidente da Associação
Brasileira de Supermercados (Abras), João Carlos
Oliveira.
A falta de escala, as perdas na lavoura decorrentes da
impossibilidade de usar químicos e a necessidade de
buscar certificações que atestem métodos ecológicos
contribuem para o custo mais elevado. A diferença média
entre orgânicos e convencionais é de cerca de 30% -
maior do que nos Estados Unidos, onde é de 10%, mas bem
menor do que já foi, segundo a Abras.
- Há uma diferença de preços considerável entre
orgânicos e convencionais. Mas pouco a pouco estamos
conseguindo preços menores (para os orgânicos) - diz o
gerente de perecíveis do Wal-Mart Brasil - Operação
Sul, Idenio Belmonte.
A rede garante que, neste ano, já conseguiu reduzir em
40% o preço dos orgânicos, na comparação com o ano
passado. Outros supermercados também têm produtos
ecológicos em suas gôndolas como o Zaffari, que aderiu
à Semana dos Orgânicos, e o Carrefour, que não está com
ações relativas à campanha no Estado devido a reformas
nas lojas.
Consumidor paga pela qualidade
Sexta-feira, em um supermercado da Capital, o sociólogo Edson
Perotti levou uma moranga orgânica, que custava seis
vezes mais do que a convencional, e uma couve-flor por
três vezes mais do que a normal.
- Está muito caro. Mas a gente tende a levar o melhor.
Quem não quer mais longevidade? - afirma.
- Não dá para comparar orgânico com convencional: são
coisas diferentes. Tem de comparar preço de orgânico
com orgânico - pondera Dirce Orth, gerente
administrativa da Sabor Orgânico, uma marca de
Harmonia, no Vale do Caí, que reúne 50 famílias de
produtores da região e vende de 25 a 35 toneladas de
orgânicos por mês, principalmente para supermercados.
Selos devem ser padronizados
O Brasil tem cerca de 30 certificadoras que atestam e
dão selos a produções orgânicas. Mas cada uma tem suas
regras, e não há normas claras sobre a atividade.
Decreto do governo federal regulando o mercado era
esperado para esta semana, mas deve demorar um pouco a
sair.
- Não há prazo definido - admite Tereza Cristina
Saminêz, coordenadora de agroecologia do Ministério da
Agricultura.
Seguido de seis instruções normativas, o decreto fixará
parâmetros para classificação de um produto como
orgânico. As certificadoras terão dois anos para se
adaptar às novas regras e se cadastrar no Ministério da
Agricultura. Depois, passarão por auditorias. A
certificação não será obrigatória, e produtores que
vendem em feiras diretamente poderão continuar, desde
que se identifiquem, podendo ser fiscalizados.
- As pessoas se dispõem a produzir de forma orgânica,
mas, como não existe regulamentação, não há garantias
plenas de que o que você compra corresponde a um padrão
- diz Marco Antonio Baldoni, gerente de projetos do
Instituto Biodinâmico, organização que faz certificação
(Por Sebastião Ribeiro,
Zero HOra, 24/06/2006)