Amorim nega que o conflito entre Argentina e Uruguai ponha em risco o Mercosul
2006-06-22
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, negou que o conflito entre Argentina e Uruguai pela construção de duas fábricas de celulose e a incorporação da Venezuela ao Mercosul ponham em risco o bloco regional. "Riscos sempre há, mas acho que o conjunto das forças no Mercosul continua forte. A entrada da Venezuela é algo positivo, e o interesse de nossos países vai além das fábricas de celulose", afirmou Amorim.
O ministro brasileiro considerou que "é preciso lidar com os atritos com certa naturalidade", já que "cada coisa que ocorre no Mercosul parece uma tragédia, dramatiza-se muito". Amorim destacou que agora, por outro lado, existe "uma visão clara no Mercosul de uma coluna vertebral na América do Sul, que vai do Caribe à Terra do Fogo, que é algo que não se pode desprezar".
"Temos uma ótima relação com a Venezuela. Estamos contentes com sua entrada no Mercosul. A Venezuela fez todo o necessário em termos de tarifas, de negociação de normas de tarifa externa comum. É uma ótima indicação terem decidido seguir esse caminho", insistiu.
A entrada de Caracas foi ratificada pelos chanceleres do bloco na sexta-feira com a assinatura do Protocolo de Adesão durante um encontro em Buenos Aires. Amorim disse ainda que a controvérsia entre Argentina e Uruguai pela instalação de duas fábricas de celulose em território uruguaio "está encaminhada". "Não quero subestimar o problema, mas não vejo riscos para o Mercosul", disse Amorim a respeito do litígio que levou os dois países a enfrentarem-se na Corte Internacional de Justiça.
O ministro admitiu que "há razões para que os países menores [do Mercosul] tenham alguma frustração", uma vez que "se olharem os números do comércio do Uruguai com o Brasil, [verão que] no começo [do bloco] eram de cerca de US$ 1 bilhão e hoje estão em US$ 500 milhões". Para mudar esta situação, o ministro disse que "é necessário um entendimento novo, sobretudo para os países menores, para poderem desenvolver mecanismos de política industrial, de financiamento e flexibilidade nas regras".
(Portugal Digital, 21/06/2006)
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