Transgênicos comerciais só em 2011
2006-06-22
Companhias brasileiras estão se preparando para lançar variedades comerciais de cana-de-açúcar geneticamente modificadas já entre 2010 e 2011, embora a aprovação governamental dessas variedades possa demorar até 2011 e 2013 devido à oposição de grupos ambientalistas, disseram fontes do setor.
O Centro de Tecnologia da Cana (CTC), estabelecido em São Paulo, principal centro privado de pesquisa da cana no País, espera que lá para o fim do ano o governo aprove testes experimentais de campo dos híbridos de cana do centro com níveis entre 10% e 15% de sacarose mais elevados do que os congêneres não-transgênicos.
A partir daí em diante, "provavelmente serão necessários de quatro a cinco anos para concluir todos os testes de campo bem como mais testes com o consumidor, para depois obter liberação comercial", disse William Burnquist, diretor de tecnologia do CTC.
A companhia de biotecnologia Allelyx, subsidiária do Grupo Votorantim pretende também lançar uma variedade de cana transgênica.
"Falando do ponto de vista técnico, acho que poderemos estar com a cana preparada para entrega ao mercado até 2010, mas em termos políticos e de outros interesses, suponho que ela só será liberada entre 2011e 2013", disse Edson Kemper, diretor da empresa.
Essa tecnologia é decisiva para o Brasil continuar como principal exportador mundial de açúcar e de etanol no futuro. "É importante desenvolver essa linha de pesquisa, porque se o Brasil não se preparar, poderá perder participação de mercado para outros países", disse Gil Barabach, da Safras & Mercado.
O Brasil já legalizou sementes de soja e algodão transgênicas para plantio comercial, mas os híbridos de cana transgênica estão levando mais tempo para se desenvolver no mercado doméstico e global por causa da complexidade do genoma da cana e da falta de interesse de multinacionais como Monsanto, disseram cientistas.
Serão necessários cerca de 10, usando métodos tradicionais de reprodução, para testar e desenvolver variedades de cana com as características desejadas. A engenharia genética permite que as transgênicas sejam desenvolvidas na metade do tempo.
(Gazeta Mercantil, 21/06/2006)
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