60 associações de pequeno agricultor vão produzir 40 mil toneladas livres dos
agrotóxicos. A produção de orgânicos terá receita de US$ 30 milhões em Santa Catarina
em 2006, estima o coordenador do projeto de Agroecologia da Empresa de Pesquisa
Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), Paulo Tagliari. Segundo ele,
haverá um acréscimo de 15% no Valor Bruto da Produção (VBP) da atividade. Pequenos
agricultores reunidos em 60 associações, vão produzir 35 a 40 mil toneladas de
hortaliças, legumes, cereais, grãos e plantas medicinais, entre outros.
No mundo inteiro, o consumo de alimentos naturais está crescendo num ritmo veloz, a
taxas de 20 a 30 % ao ano. Estima-se que o comércio mundial movimente US$ 25 bilhões,
despontando a Europa, Estados Unidos e Japão como maiores produtores e consumidores. Em
Santa Catarina, há dez anos não havia mais do que cinco ou seis grupos de agricultores
agroecológicos.
Agroecologia
"Atualmente existem 60 associações, com 2 mil famílias rurais, sem contar produtores e
empreendimentos isolados em várias regiões do Estado", diz Tagliari.
A agroecologia é uma cultura que além de proporcionar saúde e proteção para o meio
ambiente, é rentável. O produtor orgânico de Paulo Lopes (SC), Glaico Sell, afirma que
sua principal fonte de renda provém do cultivo de hortaliças orgânicas, que planta em
um hectare de terra.
Com isso e mais o complemento da produção agroecológica de biscoitos e geléias, sua
família (ele, a esposa, filha e genro) tem uma renda mensal líquida de R$ 3 mil.
A procura por orgânicos se acentua a medida em que os consumidores, preocupados com as
constantes contaminações por agrotóxicos e com surtos de gripe aviária, vaca louca na
Europa e ainda os transgênicos, buscam alternativas mais seguras à saúde. "Os alimentos
orgânicos, além de serem isentos de substâncias tóxicas, apresentam um teor maior de
vitaminas e sais minerais, além de melhor sabor e conservabilidade", diz a
nutricionista, mestre em agroecossistemas, Eliane Azevedo. Tagliari diz que dados do
Centro de Informações Toxicológicas (CIT), da Universidade Federal de Santa Catarina
(UFSC), indicam que 90% dos agricultores estão contaminados, de alguma forma. "Na
última década, os casos de intoxicação por agrotóxico triplicaram no meio rural.
Pularam de 200 para 600", afirma.
Merenda escolar
Santa Catarina foi pioneira na introdução dos alimentos orgânicos na merenda escolar. O
Estado já atende 155 escolas básicas, 50% a mais do que no ano passado, e chegará ao
final do ano com 180 escolas.
O projeto envolve 91 mil crianças que recebem alimento orgânico, pelo menos duas vezes
por semana, em 42 municípios.
Várias regiões do Estado já produzem alimentos orgânicos, seja no Sul com hortaliças e
o arroz ecológico, como no Litoral e Alto Vale, com frutas tropicais e hortaliças, o
Planalto com o "boi verde", e o Oeste com hortaliças e cereais.
Amanhã inicia em vários estados brasileiros a 2ª Semana do Alimento Orgânico. Em Santa
Catarina, a programação consiste de feiras, ações de marketing em supermercados,
atividades em escolas, seminários e cafés coloniais e degustações em propriedades.
(Por Juliana Wilke,
Gazeta Mercantil, 22/06/2006)