Oeste do Pará se une em defesa de Hidrelétrica
2006-06-22
O mega-protesto que o Comitê Pró- Desenvolvimento da Transamazônica e Xingu realizou na segunda-feira (19) em Altamira no Pará impediu a abertura das seis agências bancárias que funcionam na cidade. Foram fechadas as agências do Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal, Banpará, HSBC e BASA - Banco da Amazônia, onde os manifestantes estacionaram quatro carretas carregadas de bois, representando a dificuldade dos pecuaristas em honrar os empréstimos contraídos para o investimento na atividade, uma vez que vêm acumulando prejuízos em razão do alto custo do escoamento da produção. As ruas no entorno da agência do BASA que fica no centro da cidade foram interditadas. Desde as 10h da manhã os clientes estavam impedidos de entrar nas agências.
O quilômetro 7 da Rodovia Transamazônica foi interditado formando quase dez quilômetros de congestionamentos de acordo com informações do Coordenador do Movimento Vilmar Soares. Veículos leves e pesados vindos de municípios como Itaitububa, Uruará e Medicilândia ficaram parados. Nenhum incidente foi registrado já que a população apóia o movimento. Quatro toras de madeira (tambari) certificadas pelo Ibama foram queimadas numa avenida localizada próxima ao centro da cidade, como protesto frente à grave crise enfrentada pelo setor madeireiro. Hamilton Alves, agricultor de Medicilândia, afirma que “o setor florestal não corta capim, não faz corte raso, só seletivo. Segundo ele a madeira esta sendo desperdiçada, e está cada vez mais difícil trabalhar na região, pois não há liberação de documentos.”
Os manifestantes distribuíram 4 mil quilos de carne à população de Altamira em protesto a preço que não passa de R$ 3 o quilo. “O gado hoje não está pagando nem a despesa dele” acrescenta Augustino dos Santos, pecuarista. A idéia é chamar a atenção para os graves problemas porque passam a Transamazônica e Xingu.
Durante a caminhada foram colhidas 30.000 assinaturas reivindicando as antigas promessas do Governo Federal, quanto ao asfaltamento da Rodovia Transamazônica, a regularização da situação fundiária e o ordenamento florestal.
Comitê – O Comitê Pró-Desenvolvimento da Transamazônica e Xingu foi criado em maio deste ano e reúne 170 entidades não-governamentais de 11 municípios que compõem a região (Placas, Uruará, Medicilândia, Brasil Novo, Altamira, Anapu, Pacajá, Vitória do Xingu, Senador José Porfírio e Gurupá). A população total da região da Transamazônica e Xingu chega a 314 mil pessoas espalhadas numa área de 259.331 quilômetros quadrados.
O Comitê também defende a realização dos estudos de impacto ambiental (EIA) para a construção da usina de Belo Monte impedido por decisão judicial. “Precisamos desse estudo para saber quais os impactos ambientais que a usina vai causar. Questionamos a proibição da realização do estudo. Também não queremos algo que venha a prejudicar a Região, queremos desenvolvimento com responsabilidade, queremos principalmente, preservar o homem que vive aqui”, concluiu Vilmar Soares, coordenador do Comitê.
O complexo de Belo Monte foi projetado para gerar cerca de 11 mil megawatts de energia, o correspondente a uma vez e meia a potência da usina de Tucuruí. O projeto estima um custo de cerca de R$ 12,5 bilhões, incluindo a construção do sistema de transmissão. Depois de pronta a hidrelétrica, a energia gerada em Belo Monte deverá abastecer parte das regiões Norte e Nordeste dentro do sistema integrado nacional. (Ascom do Comitê Pró- Desenvolvimento da Transamazônica e Xingu)
(Ambiente Brasil, 21/06/2006)
www.ambientebrasil.com.br/noticias/index.php3?action=ler&id=25254