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2006-06-22
Quando dois ambientalistas chineses receberam importantes reconhecimentos internacionais no início deste ano, tudo parecia indicar o começo de uma nova era no movimento verde deste país. Entretanto os ativistas ainda correm grandes riscos em suas campanhas, enfrentando companhias e funcionários do governo com grandes interesses. Seus esforços em preservar os ecossistemas e recursos naturais são vistos como um estorvo aos planos de expansão industrial da China e à sua corrida por mais energia. As campanhas para conscientizar sobre a rápida deterioração do meio ambiente devem enfrentar uma forte pressão, vigilância e assédio oficial.

Porém com a ajuda de órgãos de imprensa e alguns intelectuais, os ativistas continuam exigindo avaliações de impacto ambiental sobre grandes projetos do Estado, apresentando demandas contra fábricas que contaminam e lutando para deter a construção de represas multimilionárias. Em maio, a revista norte-americana Time incluiu o ambientalista e escritor chinês Ma Jun em sua lista de cem pessoas mais influentes do planeta. Um mês antes, o ativista Yu Xiaogang havia recebido o Prêmio Ambiental Goldman, no valor de US$ 125 mil, considerado o “Nobel Verde”. Por que premiar um chinês? Em certa medida, se trata de um reconhecimento do despertar ambiental em todo o país.

“O novo conceito de desenvolvimento científico, defendido por nossos líderes, chegou a um ponto de quebra na China”, disse Yu ao receber o prêmio. Existe na China o consenso de que o país se aproxima cada vez mais de uma crise ambiental. Pequim não conseguiu cumprir nem mesmo a metade das metas ambientais que se propôs para o período 2000-2005, sobretudo porque os líderes deram prioridade ao crescimento econômico, admitiu em abril a Agência Estatal de Proteção do Meio Ambiente. A China tem hoje 16 das 20 cidades mais contaminadas do mundo. A má qualidade dos recursos hídricos afeta, pelo menos, 70% da população. Cerca de 320 milhões de habitantes rurais e 110 milhões em 600 cidades sofrem escassez de água potável. As mortes prematuras de, aproximadamente, 400 mil chineses a cada ano são atribuídas à contaminação do ar.

Ma Jun, de 38 anos, ex-jornalista de investigação convertido em assessor ambiental, é um dos ativistas que trabalha mais duro para despertar a consciência sobre os problemas ecológicos chineses. É autor do livro “A crise da água na China”, considerado a mais completa análise sobre o problema. Graças ao seu fluente inglês e contatos com a imprensa, se converteu na face pública do movimento verde chinês. Agora, de volta a Pequim, Ma Jun está em fase de estabelecer um escritório de aconselhamento ecológico, o Instituto de Meio Ambiente e Cidadãos, com uma ambiciosa agenda sobre estratégias modernas de proteção ambiental.

“Temos entre nossos objetivos denunciar os maiores contaminadores em uma espécie de operação de nomear e envergonhar. Com nossa base de dados, o público será capaz de conhecer a origem da contaminação e responsabilizar os culpados”, explicou o ativista. Pouco a pouco, o acesso a esta informação gera conscientização e faz com que mais setores do público demandem controles da contaminação, ar limpo e água potável. Por sua vez, Yu Xiaogang lidera um crescente movimento de base nas áreas rurais. Em 2001, fundou a organização não-governamental Green Watershed, com sede em Kunming, capital da província de Yunnan. Nesse ano, o grupo apresentou um estudo sobre os custos sociais do desenvolvimento da energia hidrelétrica.

O informe, que detalha o impacto social da represa de Manwan, no Rio Mekong, foi entregue aos líderes do país em 2002 e obrigou Pequim a incrementar a compensação das comunidades afetadas. Posteriormente, Yu usou essa experiência para instruir comunidades locais sobre o impacto negativo de uma série de 13 represas projetadas no Rio Salween. “Meu objetivo é apoiar a população com conhecimento e ajudá-la a participar do processo de tomada de decisões, não metendo os pés pelas mãos (através de distúrbios), mas com suas mentes”, disse Yu. Graças em parte aos esforços da Green Watershed, agora Pequim exige estudos de impacto social sobre os grandes projetos hidrelétricos.

O ativista é vigiado pelo governo desde que enviou representantes das comunidades afetadas pelas represas a um simpósio da Organização das Nações Unidas em Pequim. “Já não é anônimo. É um conhecido denunciante, e as autoridades chinesas o vigiam a cada passo”, disse um amigo de Yu, que preferiu não dar seu nome. Mas nada ilustra mais os riscos que correm os ativistas que desafiam as políticas oficiais do que o caso de Fu Xiancai, defensor dos direitos dos que foram forçados a abandonar o local onde vivem por causa da construção da gigantesca represa de Três Gargantas. Fu ficou paralítico após ser atacado a golpes por desconhecidos há 10 dias. Ele havia exigido das autoridades uma adequada compensação para cerca de um milhão de pessoas afetadas pela represa, a maior do mundo.
(Por Antoaneta Bezlova, Envolverde, 21/06/2006)
http://www.envolverde.com.br/materia.php?cod=18761

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