Companhias brasileiras estão se preparando para lançar variedades comerciais
de cana-de-açúcar geneticamente modificadas já entre 2010 e 2011, embora a
aprovação governamental dessas variedades possa demorar até 2011 e 2013
devido à oposição de grupos ambientalistas, disseram fontes do setor.
O Centro de Tecnologia da Cana (CTC), estabelecido em São Paulo, principal
centro privado de pesquisa da cana no País, espera que lá para o fim do ano
o governo aprove testes experimentais de campo dos híbridos de cana do
centro com níveis entre 10% e 15% de sacarose mais elevados do que os
congêneres não-transgênicos.
A partir daí em diante, "provavelmente serão necessários de quatro a cinco
anos para concluir todos os testes de campo bem como mais testes com o
consumidor, para depois obter liberação comercial", disse William Burnquist,
diretor de tecnologia do CTC.
A companhia de biotecnologia Allelyx, subsidiária do Grupo Votorantim
pretende também lançar uma variedade de cana transgênica.
"Falando do ponto de vista técnico, acho que poderemos estar com a cana
preparada para entrega ao mercado até 2010, mas em termos políticos e de
outros interesses, suponho que ela só será liberada entre 2011e 2013",
disse Edson Kemper, diretor da empresa.
Essa tecnologia é decisiva para o Brasil continuar como principal exportador
mundial de açúcar e de etanol no futuro. "É importante desenvolver essa
linha de pesquisa, porque se o Brasil não se preparar, poderá perder
participação de mercado para outros países", disse Gil Barabach, da Safras
& Mercado.
O Brasil já legalizou sementes de soja e algodão transgênicas para plantio
comercial, mas os híbridos de cana transgênica estão levando mais tempo
para se desenvolver no mercado doméstico e global por causa da complexidade
do genoma da cana e da falta de interesse de multinacionais como Monsanto,
disseram cientistas.
Serão necessários cerca de 10, usando métodos tradicionais de reprodução,
para testar e desenvolver variedades de cana com as características
desejadas. A engenharia genética permite que as transgênicas sejam
desenvolvidas na metade do tempo.
(Gazeta Mercantil/Dow Jones Newswires,
Gazeta Mercantil, 21/06/2006)