Lata na cabeça. Essa, muito em breve, pode ser a forma como moradores de
Santa Maria, na Região Central, transportarão aquele que hoje é o seu bem
mais precioso: a água.
Enquanto a atitude da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) é
esperar pela chuva, a Defesa Civil municipal, o Corpo de Bombeiros e a Base
Aérea (Basm) resolveram agir. A partir de hoje, essas entidades cadastrarão
pessoas interessadas em receber água não-potável.
Com caminhões dos bombeiros e da Basm, o líquido chegará às comunidades em
carros de combate a incêndio. A intenção é de que as pessoas economizem
água potável e usem a não-potável para lavar roupa, limpar a casa e tomar
banho.
A decisão foi tomada depois que o Pronto Atendimento Municipal Flávio Miguel
Schneider, o maior da cidade, ficou sem água por dois dias. Para tentar
diminuir o problema, os bombeiros chegaram a abastecer o local com 5 mil
litros de água não-potável, que será usada na limpeza. Outra preocupação
das entidades é a confirmação, por parte da Corsan, que em seis dias 20% da
cidade deverá ficar sem água. A barragem do DNOS, que abastece essa parcela
da população, tem apenas 52 centímetros de água aproveitável.
- Não dá mais para esperar. A Corsan deixou chegar neste ponto alegando a
necessidade de instalação de uma nova adutora. Mas, quando vimos que a
situação estava ficando grave, solicitamos um parecer da companhia e ela
disse que não havia risco de desabastecimento. Agora, a Corsan diz que não
há mais o que fazer. Não podemos aceitar isso - afirma o comandante da
Defesa Civil, major Valter Algerick.
Pacientes de pronto-socorro ficaram sem banho
As entidades sugeriram à Corsan o abastecimento por carros-pipa. O
superintendente regional, Elias Pacheco, diz que ainda é cedo para
recorrer a isso.
- Primeiro temos de esperar pela chuva. Só depois, poderemos dizer o que
vai ser feito. A solução dos carros-pipa não está descartada, mas não é
algo para este momento - afirmou Pacheco.
A Defesa Civil quer evitar situações como a que ocorreu no Pronto
Atendimento, onde enfermeiros tinham de lavar as máscaras de nebulização
com água destilada e muitos pacientes ficaram sem banho, não volte a se
repetir. Uma das pacientes que estava no PA na noite de segunda-feira
(19/06), Onorina Oliveira, 85 anos, conta que aquilo que viu foi um esforço
dos enfermeiros para garantir que os pacientes tivessem pelo menos água
para beber.
- De manhã, uma enfermeira acordou a gente e perguntou quem ainda não tinha
tomado banho. Foi uma correria só para ver quem ia primeiro para ocupar as
bacias. Ficamos aliviados quando soubemos que a água voltou - conta
Onorina.
(
Zero Hora, 21/06/2006)