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2006-06-21
A batalha anual em torno da proibição da caça comercial às baleias terminou nesta terça-feira (20/06) com o Japão e outros países que defendem a retomada da matança dos cetáceos um pouco mais perto de atingir seu objetivo, em meio a acusações de compra de votos e intimidação nos dois campos do debate, travado dentro da CIB - Comissão internacional da Baleia.

Enquanto os delegados dos países-membros da CIB deixavam a ilha caribenha de St. Kitts, onde ocorreu o encontro deste ano, muitos concordavam que o Japão e seus aliados haviam conquistado uma vitória - ainda que simbólica - neste ano. As nações pró-caça conseguiram aprovar, por um voto de diferença, uma resolução em defesa da suspensão da proibição da atividade, que vigora há 20 anos. Parece provável que a influência do grupo a favor da caça às baleias cresça ainda mais durante a reunião da CIB de 2007, marcada para o Alasca.

Japão e Islândia caçam baleias sob o pretexto de pesquisa científica, e a Noruega simplesmente ignora a proibição. Ao final da reunião deste ano, o Japão planejava realizar um encontro das nações a favor da caça no início de 2007, a fim de consolidar a vantagem conquistada e articular a obtenção de 75% dos votos na CIB, o necessário para remover a proibição.

A reunião de St. Kitts mostrou que o mundo segue dividido quanto à caça às baleias. Pequenos países que apóiam a posição japonesa queixaram-se de tentativas de intimidação por parte de grupos ambientalistas e de países contra a caça. Já a oposição ao Japão acusou a nação asiática de comprar votos, pagando as taxas devidas pelos pequenos países à CIB e oferecendo ajuda econômica às nações que acabaram votando a favor do fim da proibição.

"O Japão precisou de 15 anos para conseguir uma maioria simples, e eles fizeram um investimento pesado nela", disse o ministro da Conservação Ambiental da Nova Zelândia, Chris Carter. Durante a reunião de delegados desta terça-feira, policiais prenderam dez manifestantes do Greenpeace que tentavam fixar causas de baleia de papelão na areia do lado de fora do local do encontro, em memória às 863 baleias mortas pelo Japão em 2005.

O desafio da caça
Nações pró-caça insistem que é possível voltar à caça comercial da baleia, com limitações, sem pôr em risco a existência do animal. O número de baleias de algumas espécies já seria grande o suficiente. Esses países alegam que a CIB tornou-se uma organização dedicada a impedir a caça, contrariamente ao seu propósito inicial, de manejo sustentável. A resolução favorável ao Japão, aprovada na reunião de St. Kitts, trata exatamente de uma mudança no foco da comissão.

Há grandes variações em estimativas de baleias Minke, a espécie mais caçada atualmente, o que praticamente impede a imposição de limites para caça. Apesar da CIB ter como objetivo tomar decisões puramente científicas, um programa de caça limitado, que vinha sendo discutido há dez anos, foi abandonado em meio a discussões políticas no início deste ano.

O bloco contra a caça, do qual o Brasil faz parte, é liderado informalmente pela Austrália, Nova Zelândia e Grã-Bretanha. E inclui também os Estados Unidos. Críticos da retomada da caça argumentam que nenhum dos países pró-caça têm mercado para a carne de baleia. Os jovens japoneses, islandeses e noruegueses não comem carne de baleia e o consumo está caindo, disse um representante do governo britânico.
(AP, 20/06/2006)
http://www.ambientebrasil.com.br/rss/ler.php?id=25258

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