Centenas de peixes apareceram mortos ontem na foz do rio Gravataí, na divisa de Porto Alegre com Canoas e próximo à Estrada João Moreira Maciel, no bairro Navegantes. Os animais, alguns em adiantado estado de decomposição, podiam ser avistados no local chamado Prainha, a pouco mais de 500 metros do ponto de captação do Arroio das Garças, utilizado pela Corsan, e de atracadouros para consertos de barcos e terminais de empresas de fertilizantes.
A denúncia da mortandade dos peixes partiu da Associação para Pesquisa e Técnicas Ambientais (Apta). "Não temos dúvida de que a causa é o acidente ambiental em Cachoeirinha, onde mais de 10 mil litros de produtos químicos foram lançados no Gravataí", disse o diretor de Fiscalização, Licenciamento e Controle Ambiental da Secretaria de Preservação Ambiental de Canoas, Marco Rosa. "Esses peixes mortos chegaram ao Guaíba e na primeira chuva serão desaguados na Lagoa dos Patos."
O superintendente de Tratamento da Corsan, Marinho Emilo Graff, assegurou que a mortandade era esperada e se deve mesmo ao acidente ambiental do dia 13. "Mas não há nenhum risco de atingir a captação do Arroio das Garças", afirmou Graff. O Serviço de Emergência Ambiental da Fepam também foi acionado para verificar a extensão dos danos e hoje a estatal deve divulgar a multa a ser aplicada à empresa química de Cachoeirinha onde ocorreu o acidente ambiental.
A Associação dos Municípios da Grande Porto Alegre estuda a criação de uma força-tarefa para atender a emergências ambientais. A justificativa é de que a Fepam não teria mão-de-obra suficiente. Os técnicos seriam capacitados por prefeituras, Famurs e Defesa Civil.
Bairro fica sem água
Um problema elétrico nas bombas de captação junto ao rio Gravataí resultou no corte do abastecimento de água no bairro Vista Alegre, em Cachoeirinha. O superintendente da Corsan para a região Metropolitana, Rogério Bandeira, destacou que o problema ocorreu num quadro de comando, mas que ao meio-dia o bombeamento voltou a operar com 900 litros por segundo. Ele ressaltou que a expectativa era de normalizar o abastecimento até ontem à noite ou na madrugada de hoje.
Bandeira reiterou que, apesar da contaminação do rio com o acidente ambiental ocorrido no último dia 13, no Distrito Industrial de Cachoeirinha, o abastecimento de água no município e em Gravataí vem se mantendo normal. Segundo ele, isso só ocorre porque os técnicos da Corsan inverteram o processo de captação, com Alvorada, que não foi atingida pela contaminação, bombeando para Cachoeirinha.
A Corsan segue tratando 900 litros por segundo na Estação de Cachoeirinha, sendo 550 litros por segundo captados no rio Gravataí, em Alvorada, e 350 litros por segundo provenientes do Arroio das Garças, em Canoas.
(
Correio do Povo, 21/06/2006)