O Ministério do Meio Ambiente, por meio do Projeto para Conservação e
Utilização Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira – PROBIO, vai
lançar em setembro o “Informe Nacional sobre Espécies Exóticas Invasoras”,
desenvolvido em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária – Embrapa, com o objetivo de mapear pragas atuais e potenciais
que podem comprometer os sistemas de produção da agricultura, pecuária e
silvicultura brasileiras.
Espécies exóticas invasoras englobam invertebrados (ácaros e insetos) e
microrganismos (bactérias, fungos, vírus, viróides, prions e nematóides) e
podem ser definidas como espécies que se encontram fora de seu ambiente
natural, onde passam a se reproduzir e exercer dominância sobre outros
organismos, constituindo ameaça à diversidade biológica - causando impactos
ambientais ou perdas de produção. Um exemplo recente de praga introduzida
no Brasil é o da ferrugem da soja, que causou prejuízos superiores a US$ 7
bilhões.
O documento vai abordar o diagnóstico de pragas exóticas atuais ou
introduzidas bem como aquelas de perigo potencial para o Brasil, ou seja,
que ainda não entraram no país. As informações contidas no documento darão
subsídios na tomada de decisões públicas quanto a medidas de prevenção e
controle. As informações abrangerão também todos os tipos de grupos
biológicos que afetam o ambiente marinho; águas continentais; terrestres e
a saúde humana.
À Embrapa coube o levantamento das pragas que podem representar ameaças à
agricultura, pecuária e silvicultura. Os estudos foram desenvolvidos por
cinco de suas 38 unidades de pesquisa – Recursos Genéticos e Biotecnologia
(Brasília, DF); Caprinos (Sobral, CE); Suínos e Aves (Concórdia, SC);
Florestas (Colombo, PR) e Gado de Corte (Campo Grande, MS) - e resultaram
na indicação de 155 espécies invasoras exóticas atuais e potenciais,
divididas em: 92 pragas agrícolas; 30 relacionadas à silvicultura, 11 de
forrageiras, 15 de caprinos e ovinos e sete de suínos e aves.
Segundo a pesquisadora da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Olinda
Maria Martins, o Informe apresenta o maior número possível de informações
sobre as pragas, incluindo o nome científico, nome popular, locais de
ocorrência e características morfológicas, bioecologia, técnicas de
prevenção e controle, etc. O objetivo é aumentar o conhecimento sobre as
espécies exóticas ou pragas e, assim, auxiliar na definição de medidas
para prevenir a sua entrada ou promover o seu controle.
A pesquisadora explica que o documento vai auxiliar na revisão das políticas
públicas brasileiras e na criação de novas medidas para fomento do uso
sustentável da agricultura, pecuária e silvicultura. Além disso, ela espera
que contribua significativamente para aumentar a conscientização pública
quanto à importância da segurança biológica no Brasil.
Conscientização pública é fundamental
Com o crescimento do agronegócio e do comércio internacional cresceram
também os riscos de entrada de pragas no país. As exportações do agronegócio
brasileiro aumentaram 7,3% no primeiro quadrimestre desse ano com relação
a 2005, segundo levantamento do Instituto de Economia Agrícola (IEA) do
governo do estado de São Paulo. Se por um lado, o agronegócio é um dos
setores que mais crescem no Brasil, por outro é também o mais vulnerável,
em função do risco da entrada de pragas e enfermidades que podem devastar a
nossa agricultura e pecuária se não forem tomadas as medidas necessárias.
A simples entrada de um “vasinho de plantas” trazido inocentemente do
exterior como souvenir pode representar perigo, pois junto com ele podem
entrar também inimigos invisíveis a olho nu, como fungos, vírus, bactérias
e outros microrganismos e insetos, que podem comprometer seriamente a
economia brasileira. “É muito importante que a sociedade em geral tenha
consciência desses riscos, pois só assim conseguiremos um futuro melhor por
meio da sustentabilidade da agricultura e proteção do meio ambiente”,
enfatiza Olinda.
Por isso, o Informe sugere como medidas importantes para prevenir a entrada
das espécies exóticas invasoras: o aumento da conscientização da população,
especialmente a partir dos veículos de comunicação de massa; e a inclusão
desse tema e de outros vinculados à segurança biológica, no ensino
brasileiro. Espera-se, ainda, que o documento sensibilize o governo
brasileiro a aumentar os investimentos em capacitação e treinamento dos
pesquisadores e técnicos que atuam na inspeção, fiscalização, detecção e
identificação de pragas, além de propiciar melhorias nos laboratórios
credenciados para a análise fitossanitária ou quarentenária de espécies
vegetais. Segundo Olinda, todas as informações levantadas e reunidas no
documento foram agrupadas em uma base de dados que será disponibilizada
para todas as instituições brasileiras que atuam na prevenção e controle de
espécies exóticas invasoras.
(Por Fernanda Diniz, Informações da
Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, disponível em
target="blank"> http://www.paginarural.com.br/, 20/06/2006)