Especialistas defendem cobrança pelo uso da água em Joinville (SC)
2006-06-21
A cobrança pelo uso da água como recurso para investimentos na área de
saneamento foi um dos assuntos discutidos em mesa-redonda na 36ª Assembléia
da Associação Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento (Assemae), no
Centreventos, na manhã de segunda-feira (19/06). O tratamento de esgoto e o
controle de perda de água devem ser os alvos de investimentos públicos.
Quem palestrou sobre o assunto foi o especialista em recursos hídricos da
Agência Nacional de Águas (ANA), engenheiro Wilde Cardoso Gontijo Júnior, e
o secretário executivo do Comitê de Bacias Hidrográficas dos rios
Piracicaba, Capivari e Jundiaí, de São Paulo e Minas Gerais, engenheiro
Luiz Roberto Moretti, que trouxe sua região como exemplo.
Para o especialista da ANA, a cobrança pela captação de água e pelo
depósito de esgoto gera melhor uso da água do rio. "Induz o usuário a
utilizar apenas a água necessária. Ele também se vê penalizado se depositar
dejetos. Além disso, a cobrança é uma fonte de recurso que vai trazer ações
para manter o rio preservado ou recuperá-lo", diz. Segundo Wilde, menos de
10% dos esgotos gerados no Brasil são tratados.
Wilde avisa que essa cobrança depende do amadurecimento da sociedade. "É
necessário um amadurecimento para que haja a implantação. Por isso não pode
ser decretada uma lei e no dia seguinte saírem os boletos. A cobrança não
deve ser vista como um imposto. É um bem para a própria sociedade", opina.
Hoje, os consumidores pagam apenas pelo serviço de coleta, tratamento e
distribuição.
Benefício também para rios
O engenheiro Luiz Roberto Moretti está convicto de que se a cobrança já
estivesse sendo aplicada, a situação dos rios brasileiros estaria melhor. "É
uma alternativa viável. Faz com que o uso dos mananciais passem a ser
sustentáveis. Se tivesse sido feito antes, os rios não estariam tão
poluídos", opina. Moretti conta que a implantação da cobrança levou 13 anos
na sua região. "A idéia começou com a criação do comitê, em 1993. Mas
precisamos de infindáveis reuniões. Tanto que na hora da implantação, todos
estavam satisfeitos.
O trauma já havia passado", fala. O secretário do comitê observa que a ação
coibiu desperdícios, mas avisa que a implantação ocorreu com o acordo de
todos devido ao conflito do uso da água que a região enfrenta e a situação
de poluição dos rios. "Algo precisava ser feito. E a população tinha
consciência disso", salienta. Nesse ano, o comitê irá arrecadar 11 milhões
de reais que serão investidos em saneamento. (Por Michelle Bindemann, A
Notícia, 20/06/2006)
http://portal.an.uol.com.br/ancidade/2006/jun/20/3pot.jsp