Participantes de encontro em Joinville estão atentos à definição da política de saneamento básico
2006-06-21
Uma a cada quatro pessoas não tem acesso à água potável. No mundo inteito,
só 30% do esgoto é devolvido para os mananciais de forma tratada. Um
assunto candente como o saneamento - que flerta diretamente com saúde -
ganhou destaque em Joinville na 36ª Assembléia Nacional da Assemae
(Associação Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento).
Mais de mil participantes, entre gestores, universitários, professores e
sanitaristas, participam do evento que começou oficialmente na segunda-feira
(19/06) e vai até quinta-feira (22/06), no Teatro Juarez Machado. Todos
atentos na tramitação do projeto de lei 5296 que institui a política
nacional de saneamento básico. A força dos agentes públicos é impedir que a
proposta cambaleie para o lado dos interesses privados - o que, segundo
eles, já está acontecendo no Congresso Nacional.
A votação e aprovação do PL está entre as questões mais importantes
referendadas na assembléia. Além dessa discussão, o evento contará com três
painéis, 15 mesas redondas e 120 trabalhos técnicos inéditos para o setor
de saneamento. Paralelamente, a Feira de Saneamento, dirigida por 60
expositores, disponibiliza produtos e serviços.
Outro instante esperado é a mesa redonda internacional. O conclave do
ministro da água da Bolívia, Abel Mamani, com representantes do setor de
saneamento da Holanda, Inglaterra, França e Argentina aconteceu ontem. O
presidente da Assemae, Silvano Silvério da Costa, resumiu o anseio dos 15
representantes que formaram a mesa na solenidade de segunda-feira. "Queremos
os municípios mais autônomos, leis construídas por nós", discursou.
Oportunidade para avaliar municipalização dos serviços
A oportunidade de sediar uma assembléia sobre saneamento em Joinville vem
em momento oportuno. Oito meses depois de municipalizado o serviço de
abastecimento e tratamento de esgoto, o prefeito Marco Tebaldi (PSDB) se
disse empolgado com a gerência municipal e deixou claro seu voto a favor da
aprovação do PL.
"Estamos mais do que nunca convencidos que o rompimento com a Casan foi um
passo mais que acertado. Nesses 30 anos, Joinville ganhou vergonhosos 13%
de cobertura na captação do esgoto. O resto vai para tubulações de água
pluvial que polui rios, ameaça mananciais e atinge cidades vizinhas",
lembrou.
A engenheira sanitarista Mara Lucia Carneiro Oliveira, representando a
Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) complementou que, no entanto, a
prioridade ao aumento da cobertura de abastecimento adiou a atenção aos
problemas relacionados `a qualidade da água. "Mais de 22 milhões de pessoas
morrem ao ano por doenças relacionadas a água".
Vinte municípios que desviaram desse situação e comprovaram gestão pública
eficiente no saneamento foram homenageados com no lançamento da publicação
Experiências de Êxito em Serviços Públicos Municipais de Saneamento.
(Por Betina Weber, A Notícia, 20/06/2006)
http://portal.an.uol.com.br/ancidade/2006/jun/20/3pot.jsp