Peixes somem do São Francisco
2006-06-21
Os peixes estão desaparecendo do Rio São Francisco, o segundo maior do
Brasil. A denúncia está numa carta divulgada por trabalhadores do setor de
pesca logo após a conclução, no último dia 18 de junho, do I Encontro de
Pescadores e Pescadoras da Bacia do São Francisco, realizado na cidade de
Salvador, capital do Estado da Bahia.
No documento, os pescadores apontam o modelo de desenvolvimento capitalista
como o principal responsável pelo sumiço dos peixes. " A devastação humana
e ambiental segue desenfreada, a serviço da acumulação mundial de capital,
a despeito de avanços do ambientalismo e da legislação ambiental", diz a
carta.
De acordo com os pescadores, mais de 100 toneladas de peixe já morreram
apenas no trecho que fica no município de Três Marias, Estado do Minas
Gerais, em conseqüência da contaminação por produtos tóxicos lançados pelo
processamento de zinco da Votorantim Metais. Os pescadores também criticam
a construção de barragens, os projetos de fruticultura irrigada, que
contribuem, segundo eles, para o agravamento do problema. " Em pouco mais
de 60 anos o São Francisco, de exuberante fonte de vida tornou-se um rio
condenado. E com ele, o povo que dele depende para viver", alertam.
Para os trabalhadores, a pesca artesanal deixou de ter importância para os
políticos, planejadores e agentes do desenvolvimento. Na carta há crítica a
postura do governo brasileiro: " no Brasil, ao contrário de outros países,
não há uma política para a pesca artesanal, apenas programas compensatórios
e integracionistas ao modelo de produção industrial e mercantil".
O Rio São Francisco corta cinco estados: Minas Gerais, Bahia, Pernambuco,
Alagoas e Sergipe. O documento divulgado após o encontro dos pescadores
inclui uma série de reivindicações para barrar o processo de degradação do
rio. Entra elas, a suspensão dos projetos de novas barragens e do projeto
de transposição de águas, o desenvolvimento de um programa de revitalização
da Bacia do São Francisco.
(Informações da Adital, Notícias da América
Latina e Caribe, 19/06/2006)
http://www.adital.org.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=23066