Dilema energético: Brasil, China e Índia precisam rever consumo de energia
2006-06-21
Brasil, China e Índia. Essa trinca, segundo estudo que acaba de ser publicado pelo Banco Mundial, terá um papel central no balanço energético mundial nas próximas décadas. Os três países representam juntos 2,6 bilhões de pessoas – 40% da população mundial – e, em apenas uma geração, poderão precisar do dobro da energia utilizada atualmente. Em tal cenário, até 2030 a quantidade de gases que contribuem para o efeito estufa lançados por esses mesmos países seria também duas vezes maior.
Por causa desse dilema energético, o Banco Mundial resolveu montar em 2002, com diversas instituições parceiras, o projeto 3 Country Energy Efficiency Project (3CEE). No mês passado, um congresso realizado na França marcou o encerramento da iniciativa, que gerou a publicação de um relatório. Em termos gerais, os especialistas apontam a necessidade de que Brasil, China e Índia apliquem recursos econômicos em projetos que aprimorem a eficiência tecnológica de seus processos de produção de energia. Isso poderia trazer uma redução na demanda energética em até 25%.
O estudo também incentiva o desenvolvimento de novas tecnologias energéticas. Tais ações, ao lado da melhor eficiência, segundo o 3CEE, também levariam a uma redução na emissão de gases que contribuem para o efeito estufa. A comparação entre os países, feita pelo Banco Mundial, mostra o Brasil em uma situação mais favorável. Mas, mesmo tendo entre suas matrizes energéticas o etanol e a água, o uso de combustível fóssil cresceu 18% entre 1990 e 2004. A demanda por energia como um todo, no mesmo intervalo de tempo, aumentou 29%.
Além disso, até 2015, mantido o crescimento anual de aproximadamente 4%, o Brasil deverá ter um consumo de 244 trilhões de kw/h por ano. O que representaria um aumento de 65% na demanda. Esse processo poderá fazer com que as emissões nacionais, em termos de ampliação do efeito estufa, saltem de 302 milhões de toneladas para 665 milhões de toneladas ao ano. Para enfrentar esse dilema, conclui a pesquisa, o investimento em processos mais eficientes de energia passa a ser fundamental. E também mais econômico, por causa do preço cada vez mais alto do barril de petróleo no mercado internacional.
(Envolverde, 20/06/2006)
http://www.envolverde.com.br/materia.php?cod=18688