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silvicultura zoneamento silvicultura
2006-06-20
Empresários, técnicos, pesquisadores e ambientalistas apresentaram ontem (19/06) em Porto Alegre, no Teatro Dante Barone da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, posições bastante distintas sobre a polêmica envolvendo a expansão da silvicultura no bioma Pampa, no interior gaúcho. O seminário "Arranjo Florestal no RS: impactos econômicos, sociais e ambientais" teve por finalidade propiciar informação de qualidade e de diferentes correntes de opinião.

O primeiro painel do seminário tratou sobre o projeto do Arranjo Florestal no Bioma Pampa. Estiveram presentes o presidente da Associação Gaúcha de Empresas Florestais (Ageflor), Roque Justen, o representante da Tanac S.A. Otávio Guimarães, além de Fábio Rosa, do Instituto IDEAAS, Luciano Javier Montoya Vilcahuaman, pesquisador da Embrapa Florestas e Lair Ferreira, engenheiro agrônomo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs).

O debate ficou mais centrado entre aqueles que defendem a monocultura de árvores como alternativa de desenvolvimento para o Estado. Roque Justen, da Ageflor, falou da importância do setor florestal para o RS em nível nacional e internacional. De acordo com ele, no Brasil há condições favoráveis de clima e de solo para o plantio de monoculturas e, portanto, o país precisa aproveitar as vastas áreas de terra que possui para plantar árvores e gerar riquezas.

Justen trouxe dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) mostrando que são consumidos cerca de 1,6 bilhão de m³ por ano de madeira no mundo. Para 2050, de acordo com estimativas da própria Organização, pode-se chegar a três bilhões de m³/ano. Em função do aumento desta demanda mundial é que o país pode sair beneficiado, acredita.

O presidente da Ageflor alega que a implantação das monoculturas poderá servir como “patrimônio de sustentação socioeconômica de pequenos e médios produtores”, além de criar dezenas de milhares de empregos na cadeia produtiva. Essas novas ocupações estariam divididas entre os setores de movelaria, serralheria e marcenaria.

Em tom exaltado, Lair Ferreira, engenheiro agrônomo da Ufrgs, afirmou que “em qualquer propriedade há lugar para as árvores”. Ele questiona o porquê de não se poder trabalhar com a recuperação de áreas degradadas ou a rotação de culturas. “Por que não posso usar a plantação de árvores em rotação de culturas de ciclo maior? É uma atividade que precisa ser iniciada”, avalia.

O primeiro passo, segundo o agrônomo, seria a “coragem de iniciar a plantação”. A espécie a ser plantada será decida de acordo com a demanda do mercado, acredita. Ele admite a necessidade de se estabelecer normas e acrescenta que não será possível preservar as nativas cerceando as exóticas, pois algumas exóticas representam uma alternativa econômica que evita o desmatamento das nativas.

Impactos sociais e ambientais
No segundo momento do seminário, o tema debatido foi os Impactos Ambientais e o Licenciamento, com a participação do engenheiro agrônomo e chefe de gabinete da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Túlio Antônio de Amorim Carvalho, o promotor de Justiça e coordenador do Programa Estadual de Recursos Hídricos do Ministério Público Estadual, Dr. Alexandre Sikinowsky Saltz, além da representante da ONG Núcleo Amigos da Terra, Carla Vilanova, do presidente da Fundação Rio Ibirapuitã Jânio Lima, e do diretor de Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente, Paulo Kageyana.

Neste debate, prevaleceu a opinião dos que são contrários à implantação de monoculturas nos pampas gaúchos. O chefe de gabinete da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Túlio Antônio de Amorim Carvalho acredita que será gerado um passivo ambiental por não existir ainda um completo zoneamento na região.

O promotor de Justiça e coordenador do Programa Estadual de Recursos Hídricos do Ministério Público Estadual, Alexandre Sikinowsky Saltz afirma que a prática poderá causar possível desfiguração do bioma Pampa, alteração da biodiversidade, esgotamento do solo, além de danos aos recursos hídricos e poluição biológica através das plantas invasoras. “Essas questões, somadas à precaução, mostram que é preciso ter cautela ao tratar deste tema”, recomenda o promotor.

Para não citar apenas os passivos referentes ao ecossistema, Saltz enumerou alguns benefícios gerados pela plantação de monoculturas: cobertura do solo; geração de empregos; fornecimento de matéria-prima; absorção de CO2 atmosférico; redução da pressão sobre a mata nativa, além de servir como quebra-vento. O promotor procura deixar claro que o Ministério Público não é contrário à silvicultura. “Somos favoráveis desde que seja respeitada a proteção ambiental”, considera.

Representando o NAT/Brasil, a agrônoma Carla Vilanova foi radical ao rechaçar as monoculturas no Estado. Citou dados na revista Science mostrando estudo realizado na Argentina. Lá, onde também há várias empresas de celulose instaladas no país, foi constatada a redução, em pelo menos 52%, do fluxo de água nos rios. Mencionou também os impactos causados à saúde e ao meio ambiente em decorrência do branqueamento da celulose e da liberação de dioxina.

Quanto ao aspecto social, haverá, segundo ela, grande concentração de terras e de renda na mão de apenas três empresas, além de causar intenso êxodo rural. As críticas da ambientalista foram endossadas pelo presidente da Fundação Rio Ibirapuitã, Jânio Lima, para quem “a finalidade dessas transnacionais é obter recursos, não se preocupando com a flora, a fauna e a biodiversidade da região”.

Morando nas imediações do bioma Pampa, Jânio Lima afirma trazer de lá “um anseio, um pedido de socorro, pois estamos a ponto de sermos dizimados no nosso Pampa”.

Área destinada às monoculturas no RS
O Rio Grande do Sul tem atualmente uma área de 360 mil hectares de floresta plantada. Desse total, 150 mil hectares são de Pinus, seguido pelo Eucalipto, que responde por 110 mil hectares. Logo em seguida está a Acácia, com 100 mil hectares.

No mundo, cerca de 5,5 milhões de hectares de terra são destinados ao plantio dessas monoculturas. Só o eucalipto responde por 3,3 milhões de hectares, segundo Luciano Javier Montoya Vilcahuaman, pesquisador da Embrapa Florestas.

A Tanac S.A., maior plantador individual de acácia negra do mundo, com sede no município de Montenegro, atua em quatro grandes regiões do Estado: Montenegro, São Lourenço do Sul, Encruzilhada do Sul e Piratini. Totaliza hoje 29,4 mil hectares de florestas próprias plantadas, segundo Otávio Guimarães. Ele defende a leguminosa, afirmando que ela fixa o nitrogênio; recupera solos degradados; fornece duas matérias-primas (madeira e casca); além de usar pouco agrotóxico e permitir a implantação do sistema agrosilvipastoril.

Criada há 15 anos para fornecer mudas para a base florestal da Klabin Riocell, hoje Aracruz, a TecnoPlanta Florestal comercializa mudas para empresas das cadeias de celulose, madeira e móveis na América do Sul. Localizada em Barra do Ribeiro, produz anualmente 80 milhões de mudas. Em 2006, devido a alguns problemas, esse número caiu para 60 milhões de mudas ao ano. A produção de mudas é feita através da semeadura e da clonagem e consome, por dia, um milhão de litros de água.
Por Tatiana Feldens, 20/06/2006.

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