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2006-06-20
Nem só o futebol marca gols na Alemanha nesta Copa do Mundo. Um projeto de iniciativa da ONU, Fifa e Governo Alemão se destaca por adotar medidas de proteção ao meio ambiente e para neutralizar as mais de 100 mil toneladas de CO2 geradas no país até o final dos jogos. Até o dia 9 de julho, as áreas de transporte, água, energia e lixo serão monitoradas de perto na Alemanha, país que sedia a Copa do Mundo 2006. As medidas tomadas fazem parte do projeto Gol Verde (Green Goal), que tem por objetivo reduzir ao mínimo os efeitos do mundial sobre o clima global.

O acordo assinado entre o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), a Federação Internacional de Futebol (Fifa) e o Governo Alemão pretende fazer dessa Copa uma competição com baixos níveis de poluição e “eco-amigável”. O diretor executivo do PNUMA, Klaus Toepfer, diz que “esta é a primeira vez que o evento mais importante do planeta na área de esportes incorpora considerações sobre o meio ambiente tanto nos eventos preparatórios como durante os jogos. “O Gol Verde pretende, através da monitoração de áreas como água, lixo, energia e transportes, que a Copa do Mundo 2006 seja um evento neutro em relação ao meio ambiente e ao clima”, afirma.

Para alcançar essa meta, foi montado um esquema de Neutralização Climática para contrabalancear as 100 mil toneladas de dióxido de carbono (CO2) geradas pelo sistema de transportes, construção e manutenção dos estádios da Alemanha, e pela presença de mais de 3,2 milhões de espectadores.

Uma das iniciativas foi a criação do “ingresso kombi”. Quem compra entradas para qualquer uma das partidas nos 12 estádios da Copa pode usá-las para ter acesso gratuito ao local do jogo por meio dos transportes públicos como vans e ônibus durante 24h. O acordo de ingressos Kombi irá custar cerca de 2 milhões de euros ao Comitê de organização da Copa do Mundo de 2006, mas deverá evitar a emissão de vários gases causadores do efeito estufa ao reduzir o uso de veículos particulares.

Outra meta do programa Gol Verde é diminuir a geração de lixo em 20% nas arenas esportivas da Copa. Para evitar o desperdício, entre outras medidas, serão adotados copos reutilizáveis. Cada espectador poderá adquirir apenas um "Copo da Copa" por jogo, evitando o uso dos descartáveis. A energia também é peça-chave. Sistemas de gerenciamento de última geração foram instalados no estádio de Munique e devem promover uma redução de 20% no consumo todos os dias, sejam eles dias de jogo ou não. Além disso, todos os estádios têm painéis de captação de raios solares, para a geração de energia limpa.

O gramado do Olympiastadion, e de outros estádios, é irrigado por um sistema especial que capta a água da chuva. E os mictórios com mecanismo de higienização a seco também são utilizados em diversos locais selecionados. As atitudes responsáveis são acompanhadas por uma campanha de conscientização do público. Telões espalhados pelas cidades da Copa exibem, antes e após as partidas, um filme com mensagens sobre o meio ambiente e que termina com o slogan “Campeão mundial do meio ambiente - Estamos trabalhando para isso”.

Mesmo com o uso de energias renováveis nos estádios, o excedente de emissões dióxido de carbono gerado pelo evento, também será abatido através de investimentos em projetos de fixação de carbono, via Protocolo de Kyoto. A Fifa, a Federação Alemã de Futebol e os patrocinadores do torneio, investiram 1,3 milhão de euros em projetos de proteção ao clima na Índia e África do Sul.

Apesar das boas iniciativas, o programa não satisfaz a todos os ambientalistas alemães. “Acreditar que os efeitos ambientais destrutivos de um torneio mundial podem ser 100% compensados é uma ilusão”, disse ao Terramérica Rüdiger Rosenthal, da Federação para a Proteção da Natureza e o Meio Ambiente.

Rosenthal destaca que o balanço oficial ambiental do Mundial 2006 subestima as emissões de dióxido de carbono provocadas pelos vôos comerciais extraordinários que transportam equipes, convidados de honra e turistas. Em lugar das cem mil toneladas desse gás estimadas oficialmente, os ambientalistas calculam que os transportes associados com o torneio emitirão cerca de 250 mil toneladas.

Para o presidente da Fifa, Joseph Blather, os benefícios do programa são indiscutíveis. “A contribuição do Mundial para a proteção ambiental e da natureza na Alemanha será duradoura, permitindo aos jogos da Bundesliga (liga federal alemã de futebol) reduzir substancialmente a contaminação”, disse Blatter em uma entrevista coletiva.
(Carbono Brasil, 20/06/2006)
http://www.carbonobrasil.com/noticias.asp?iNoticia=13490&iTipo=5&idioma=1

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