Gás do Peru é alternativa para o Brasil
2006-06-20
O presidente eleito do Peru, Alan García, descartou domingo (18)qualquer pedido de desculpas ao líder venezuelano Hugo Chávez, com quem enfrentou grandes polêmicas em sua campanha, e apostou em uma ampla aliança com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"Deschavizamos a nossa conversa", disse a repórteres García em tom de brincadeira, depois de uma entrevista de mais uma hora com Lula em Brasília, onde se pronunciou pela reeleição do brasileiro e considerou, em oposição à influência da Venezuela, que a América do Sul "possui boas hegemonias" como as do Brasil.
García também se referiu ao pedido de desculpas solicitado por Chávez como condição para normalizar as relações entre Lima e Caracas, afetadas por desagravos mútuos. "Aceite sua derrota em silêncio. Não me peça que me desculpe por algo que tem por origem expressões inaceitáveis no direito internacional", afirmou García sobre o pedido do presidente da Venezuela.
Peru e Venezuela retiraram em abril seus respectivos embaixadores, depois que Chávez chamou García de "corrupto e ladrão" e expressou seu apoio ao candidato rival, Ollanta Humala, na campanha eleitoral. O governo peruano considerou o episódio uma intromissão nos assuntos internos.
García, que ganhou a eleição presidencial em 4 de junho, chamou por sua vez o líder venezuelano de "déspota do petróleo" e "tirano tropical". O presidente eleito afirmou que não vai deixar que a influência de Chávez se infiltre no Peru como aconteceu na Bolívia, onde a petrolífera venezuelana PDVSA anunciou uma aliança com a boliviana YPFB para executar projetos conjuntos.
A aliança entre as duas estatais de petróleo aconteceu depois da nacionalização do setor de hidrocarbonetos, decretada pelo governo boliviano no início de maio. Em contraposição à PDVSA, García propôs ampliar os negócios entre as estatais PetroPeru e a Petrobras para aumentar os investimentos em petróleo e gás no território peruano. "Declaro que o Peru está aberto ao investimento brasileiro", declarou, completando que buscará orientar qualquer exportação de gás peruano especialmente para o Brasil.
O líder peruano também relatou que propôs a Lula uma estrada e um trecho ferroviário para unir o centro e o sul do país com Manaus, a fim de baratear o abastecimento agrícola da capital do Amazonas. < br> (Jornal de Brasília, 19/06/2006)
www.jornaldebrasilia.com.br