Áreas degradadas no Ceará são mapeadas
2006-06-20
Um estudo mais detalhado da área do município de Irauçuba e municípios circunvizinhos (Itapajé, Miraíma, Santana do Acaraú, Sobral, outros da Região Norte do Estado), o monitoramento das áreas degradadas e a utilização de diagnóstico no combate à desertificação. Esse é próximo passo do Estudo de Áreas Degradadas Susceptíveis aos Processos de Desertificação no Estado desenvolvido pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). Os técnicos pretendem iniciar e concluir o trabalho, pelo menos de Irauçuba, considerada uma das quatro maiores cidades do Nordeste, com avançado processo de desertificação, ainda este ano. As informações foram dadas ontem por Roberto Bezerra Leite, um dos coordenadores do Estudo pela Funceme.
A data de hoje é lembrada como o Dia Mundial de Combate à Desertificação por conta da Convenção das Nações Unidos de Combate à Desertificação, da qual o Brasil é um dos países signatários. "As Nações Unidas também considera 2006 o Ano Internacional dos Desertos e da Desertificação", lembra Sônia Perdigão, também da Funceme. Ela diz que o órgão vai promover no dia 28 deste mês um seminário para discutir a degradação de terras no Ceará e no Brasil. Além de Irauçuba, existem outras cidades nordestinas consideradas áreas desertificadas: Seridó (PB), Equador (RN) e Cabrobó (PE).
A região do Médio Jaguaribe (nove municípios), no Ceará, apresenta, segundo os técnicos da Funceme, índices que indicam o processo de desertificação (ver quadro). Jaguaribe é o que demonstra maior grau de deterioração (23,54% da área média de 187.649 hectares). "Foram feitos estudos em nove municípios daquela região", diz Roberto Bezerra. Segundo ele, depois de Irauçuba e cidades circunvizinhas serão estudadas outras regiões, como os Sertões dos Inhamuns e de Crateús.
Sônia explica que, considerando todo o Estado, de acordo com o estudo, em torno de 15.130 quilômetros quadrados, ou 10,2% de toda a superfície terrestre do Ceará, estão associados a processos susceptíveis à desertificação. O Ceará é particularmente vulnerável à desertificação, segundo Roberto Bezerra, uma vez que 91% da sua área corresponde à região semi-árida, há presença de solos rasos propícios à erosão, a existência da caatinga (vegetação que não protege o solo) e a temperatura elevada que provoca grande evaporação.
O estudo realizado pela Funceme, acrescenta Roberto, constitui-se de quatro eixos. O primeiro foi o diagnóstico, o mapeamento das áreas degradadas realizado em 1993. O segundo, iniciado em 2002, foi o estudo da Bacia do Jaguaribe e monitoramento das áreas críticas, seguindo as demais regiões. O terceiro corresponde as ações preventivas como campanhas educativas e apresentação de tecnologias adequadas ao manejo do solo pelo homem do campo. A última fase será a recuperação das áreas atingidas pela desertificação. "O projeto já está pronto e estamos encaminhando para órgãos financiadores", conclui.
(Por Rita Célia Faheina, O Povo, 19/06/2006)
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