Cerca de 1,4 bilhão de pessoas estarão vivendo em favelas em 2020, estima relatório da ONU
2006-06-19
Cerca de 1,4 bilhão de pessoas, em todo mundo, estarão vivendo em favelas em 2020, a menos que algo seja feito para melhorar as condições de moradia dos pobres das cidades, diz relatório da ONU que será divulgado oficialmente na sexta-feira. O número de habitantes de favelas deve chegar a 1,4 bilhão a partir da base atual, de 1 bilhão, conforme a população urbana mundial dispara, afirma o texto de 204 páginas elaborado pelo Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos, que usa a sigla UNHabitat.
"Favelas, em muitas cidades, não são apenas bairros marginalizados que abrigam uma porção relativamente pequena da população urbana", relata o estudo. "Em muitas cidades, são o tipo predominante de habitação humana". Tradicionalmente, as autoridades encaram as favelas como habitações temporárias, que tenderiam a desaparecer com o desenvolvimento econômico das cidades e o aumento da renda da população.
Mas o relatório afirma que as favelas - definidas como uma ausência de habitação durável, de espaço suficiente, de saneamento adequado e de garantia de posse - continuam a crescer e tornam-se uma característica permanente de muitas cidades, principalmente na África subsaariana e no sudeste da Ásia, onde o crescimento é maior. A única parte do mundo em desenvolvimento onde o crescimento das favelas parece sob controle é o norte da África, onde países como Egito e Tunísia fizeram grandes investimentos em habitação, além de esforços para convencer as pessoas a não migrar para uma favela, em primeiro lugar.
O crescimento das favelas torna-se ainda mais relevante porque 2007 marcará o primeiro ano, em toda a história, no qual a metade da população mundial estará vivendo em ambiente urbano. Tendências atuais indicam que a população urbana em 2030 chegará a 5 bilhões, para uma população humana total de 8,1 bilhões.
"Deveríamos comemorar isso. Afinal, desde o início dos tempos, cidades são centros de crescimento econômico e criatividade cultural", afirma o relatório. No entanto, "a urbanização tornou-se virtualmente um sinônimo de favelização", acrescentam os autores.
(Estadão online, 16/06/2006)