Japão promete mudar regras de preservação de baleias
2006-06-19
Começou na última sexta-feira (16/06) o encontro anual da Comissão Internacional da Baleia (CIB), na ilha de St. Kitts, nas Antilhas Holandesas, e pela primeira vez em 20 anos, há indícios de que os países pró-caça alcancem a maioria.
A mudança acontece depois de anos de lobby do Japão para convencer países em desenvolvimento a entrarem na CIB. Grupos ambientalistas acusam estes países de se aliarem ao Japão em troca de ajuda financeira, o que é negado pelo governo japonês.
Países contrários à caça, como Austrália, Nova Zelândia, Grã-Bretanha e Brasil, acreditam que as baleias são animais intrinsecamente especiais e nunca deveriam ser mortos. O vice-Comissário da CIB, o japonês Joji Morishita, acha que a organização ficou muito fixada em preservação. Em entrevista à BBC, ele disse que muitos japoneses acham que a CIB é "arrogante" e que as baleias podem ser exploradas de forma sustentável. "A ciência e provavelmente a lei internacional estão do lado dos japoneses", afirmou.
"Muitos cidadãos do Japão acham que o ocidente, o mundo lá fora, está tentando impor seus próprios valores ao Japão de forma emocional. Naturalmente, eles acham que são tiranos ou... arrogantes". Ele também acrescentou que não via problemas em "permitir o uso sustentável de uma espécie abundante, e ao mesmo tempo proteger as espécies ameaçadas. É o mesmo que preservação e gerenciamento de qualquer outro recurso natural". Mas se a discussão é familiar, o equilíbrio de poder parece ser muito diferente.
Mudanças
Quatro países acabam de entrar na CIB, sendo que três assumiram a posição do Japão, dando maioria ao lobby pró-caça no papel, o que pode significar várias mudanças importantes na CIB. Os japoneses já deram pistas de que querem acabar com os programas de conservação e de bem-estar das baleias e mover o órgão na direção do fim da moratória de caça comercial de baleias, que já dura 20 anos.
Mesmo assim, um voto pelo fim da caça comercial neste encontro é muito improvável. Nem todos os países-membros enviam representantes para o encontro anual e o número exato de países favoráveis e contrários à caça só deve ser conhecido depois dos votos marcados para este primeiro dia de abertura. Para tentar vencer o apoio ao Japão, grupos de defesa do meio-ambiente têm realizado campanhas em pequenos países em desenvolvimento que normalmente apóiam o Japão.
Uma pesquisa encomendada pela entidade de defesa dos animais WWF sugere que a maioria da população nos dez países do Caribe e do Pacífico em que ela foi realizada, é contra a caça às baleias. O WWF está pedindo aos delegados que votem de acordo com a opinião dos seus compatriotas.
(Por Richard Black, BBC, 16/06/2006)
http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2006/06/060616_baleiasconferenciamb.shtml