Se o nível da barragem do DNOS não subir, parte da cidade de Santa Maria, na Região
Central, pode ficar sem água em menos de 10 dias. O gerente local da Companhia
Riograndense de Saneamento (Corsan), Eugênio Francisco Simioni, vê apenas uma
alternativa para evitar o desabastecimento: muita chuva.
Em uma reunião para debater alternativas para a seca, Simioni disse que não há o que
fazer:
- Vamos matar um leão por dia. A cada dia, vamos agir conforme a necessidade.
Castigada pela estiagem, a barragem que fornecia água para 37% da cidade agora tem
apenas 70 centímetros de água aproveitável, o que dá para cerca de 20% da cidade. A
Corsan admite que o problema é grave, a proposta ainda é contar com a natureza. Mas as
previsões não são animadoras. Conforme a Central de Meteorologia, somente chuvas fortes
mudariam o cenário.
A Corsan também espera a instalação de duas bombas no Passo do Macaco para puxar
mais água da barragem de Val de Serra. A previsão da companhia é de que, na melhor das
hipóteses, as bombas estejam em funcionamento até o fim do mês. Terão capacidade para
puxar 120 litros de água a mais por segundo, menos do que o DNOS produzia - 280 litros
por segundo.
O superintendente adjunto da Corsan, José Vilmar Viegas, diz que a idéia é ir operando
dentro das possibilidades até que a chuva chegue.
- Estamos num ponto crítico. Mas, ainda temos um volume de água que nos garante uns
dias - diz.
Sobre a possibilidade de replanejar o abastecimento da cidade, o superintendente regional
da Corsan, Elias Pacheco, afirma:
- Não tem o que fazer. Estamos contando com a chuva. Parece que tem de haver uma
solução. Se nos disserem qual é, vamos fazer.
Esta é a pior crise da barragem do DNOS - nunca tinha ficado com menos de três metros
de água.
Drama dura seis meses
Janeiro
Dia 10 - Começa a faltar água nas áreas mais altas de Santa Maria, como Centro e em
Camobi. Corsan diz que o problema é a falta de chuva
Maio
Dia 1º - Corsan diz que não há saída: a água será racionada pois o nível da barragem do
DNOS está muito baixo - 7,4 metros abaixo do normal - o mais baixo da história
Dia 4 -Corsan diz que não haverá racionamento. Anuncia a instalação de bombas para
puxar mais água da barragem de Val de Serra
Dia 20 - Nível de água na barragem aumenta um centímetro por causa da chuva. É a
primeira vez, em dois meses, que o nível não diminui
Dia 31 - Gerência estadual da Corsan anuncia a construção de uma nova adutora
(encanamento) para puxar mais água de Val de Serra. Esta é a solução apontada pelo
órgão para não faltar mais água na cidade
Junho
Dia 9 - Cai o nível da barragem. Parte da cidade fica sem água porque a Corsan precisa
desligar a única bomba que ainda puxa líquido
Dia 15 - Restam só 70 centímetros de água aproveitável no DNOS, suficiente para cerca de
10 dias de abastecimento de parte da população
Dia 16 - Corsan diz que não pode fazer nada, só esperar pela chuva
(
Zero Hora, 18/06/2006)