A diminuição da poluição em São Paulo preocupa a administração municipal
na mesma proporção em que anima empresas a encontrar soluções que garantam
lucro. O ar da capital paulista recebe anualmente 3 milhões de toneladas de
poluentes, sendo 90% deles emitidos por gases dos veículos automotores.
Esta aí uma grande dor cabeça para os homens públicos, já que pesquisas
indicam que 2.600 pessoas morrem, em São Paulo, vítimas de doenças
cárdio-pulmonares relacionadas à poluição. Neste período de inverno, os
casos de doenças respiratórias crescem muito em função do fenômeno da
inversão térmica, que acaba evitando a dispersão dos poluentes na atmosfera.
De olho nesta problemática, a empresa Sabertec apresenta, no autódromo de
Interlagos, o Filtro de Impacto para Particulados Diesel (IDPF), equipamento
que reduz a emissão de poluentes ao ar atmosférico por motores movidos a
diesel. O lançamento ocorrerá durante a realização de testes realizados
pelo Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da Universidade de
São Paulo (USP) com apoio da Secretaria Municipal do Verde e do Meio
Ambiente do Município de São Paulo. Esses testes vêm ocorrendo desde o dia
8 e seguem até o dia 23 de junho. Eles vão determinar os parâmetros e um
protocolo para a elaboração de testes de poluição, além de um projeto de
lei que visa o controle da poluição em São Paulo.
Filtro
Espécie de filtro acoplado ao escapamento dos veículos, o IDPF busca reduzir
sensivelmente a emissão de partículas que podem causar diversas doenças
respiratórias e até câncer. Criado pelo engenheiro brasileiro Sérgio
Varkala Sangiovani, o equipamento mostrou-se eficaz para a composição do
óleo diesel nacional, que apresenta uma concentração de enxofre bem maior
que os disponíveis em outros países. "Além disso, o IDPF terá um custo
muito inferior aos catalisadores, produtos importados que não solucionam o
problema do diesel brasileiro", informa Sérgio Sangiovani.
Segundo dados da Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo, a principal
fonte de poluição atmosférica na cidade de São Paulo são os veículos
automotores, principalmente aqueles utilizados no transporte coletivo.
Eduardo Jorge, Secretário do Verde e do Meio Ambiente do município de São
Paulo, defende a busca de novas tecnologias para o combate contra o
poluição.
A inalação desses poluentes pode trazer conseqüências sérias para o ser
humano, de problemas respiratórios e cardiovasculares a câncer. "O ar de
São Paulo recebe anualmente cerca de 3 milhões de toneladas de poluentes,
sendo 90% deles emitidos por gases dos veículos automotores", diz Paulo
Hilário Saldiva, chefe do Departamento de Poluição Atmosférica da Faculdade
de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
Segundo pesquisas coordenadas por Saldiva, o aumento do nível de poluição
atmosférica, que acontece principalmente no inverno, pode aumentar até 12%
o risco de morte por doenças respiratórias em dias de "pico" de contaminação
do ar. Segundo o especialista, 2.600 pessoas morrem, em São Paulo, vítimas
de doenças cárdio-pulmonares relacionadas à poluição. São sete pessoas por
dia.
Interesse
A tecnologia do IDPF foi totalmente desenvolvida no Brasil. Sua eficácia é
tamanha, que atraiu investidores norte-americanos. Daí a criação da
Sabertec, presidida por William J. O’Brien, do Texas (EUA). "Estamos muito
confiantes na comercialização dessa tecnologia desenvolvida no Brasil.
Além de ter preço bastante acessível, o IDPF pode ser utilizado em qualquer
circunstância e juntamente com outras tecnologias", diz o investidor. O
filtro, que pode ser lavado e reutilizado, não é desativado ou contaminado
pelo enxofre mesmo quando exposto a altas temperaturas.
A Sabertec fornece para governos, empresas e ao público em geral soluções
para a diminuição da poluição atmosférica por meio de filtros de impacto
contra a emissão de particulados (partículas poluentes) por motores
automotivos. Com sede no Texas, EUA, a Sabertec tem um representante
comercial em São Paulo. A produção é terceirizada em Diadema, Grande São
Paulo.
Está em estudo o lançamento, pela Sabertec, de um produto similar para
veículos movidos a álcool e gasolina. Em carros que utilizam este
combustível, o catalisador, equipamento instalado na fábrica, já obtém
algum efeito. A empresa pretende melhorar ainda mais estes resultados.
(
(Por Wagner Oliveira,
Gazeta Mercantil, 19/06/2006)