As zonas áridas, cada vez mais afetadas pelas mudanças climáticas e pela
pressão demográfica, perdem anualmente dez milhões de hectares de terras
agrícolas, mas esse processo pode ser revertido, recorda a ONU por
ocasião do Dia Mundial contra a Desertificação, comemorado neste sábado (17/06).
Nas regiões áridas ou desérticas, caracterizadas por escassas
precipitações e elevadas taxas de evaporação, vivem mais de dois bilhões
de pessoas, 90% das quais nos países em desenvolvimento.
"Os diferentes modelos climáticos para os cem próximos anos prevêem um
aumento da seca no interior dos continentes", diz Ronald Rinn,
especialista em mudança climática do Massachusetts Institute of
Technology, dos EUA. "A única resposta possível dos governos é adotar
medidas de adaptação."
Segundo especialistas da ONU sobre mudança climática, nos 30 últimos
anos do século XXI as temperaturas podem aumentar de 5 a 7 graus nos
desertos (com relação ao período 1960-1990) e os volumes das chuvas
podem diminuir de 5% a 15%. As regiões austrais serão as mais
vulneráveis, como o Grande Deserto de Vitória, na Austrália, e o do
Atacama, no Chile.
Segundo Gil Mahe, especialista em desertificação do Instituto Francês de
Investigação para o Desenvolvimento, esse processo pode ser antecipado e
inclusive invertido em até 30 anos se a mobilização for rápida e geral.
Diversas ONGs ajudaram, a partir dos anos 70, a fabricar diques de
pedra, a plantar árvores e a modificar os cultivos.
(
Correio do
Povo, 18/06/2006