Programa de biodiesel terá participação da agricultura familiar
2006-06-19
A Secretaria da Agricultura e do Abastecimento está negociando investimentos
no valor de R$ 2,5 milhões para serem aplicados até 2008 no programa de
biodiesel. Trata-se do Programa Paranaense de Bionergia, que tem como
objetivo permitir o acesso do agricultor familiar a essa modalidade de
produção de energia.
Segundo o coordenador do programa, Richardson de Souza, o acesso do agricultor
familiar ao programa é o diferencial do Estado do Paraná, uma vez que
pesquisas e experimentos com biodiesel estão acontecendo em todos os Estados,
tanto pela iniciativa privada como pelas empresas públicas.
Outra preocupação do Governo do Paraná, explica Souza, é preparar os
agricultores familiares para participarem desse mercado, bastante promissor.
Para ter acesso aos benefícios fiscais oferecidos pelo Governo Federal, as
usinas de biodiesel precisam ter o selo social, que será oferecido pelo
Ministério do Desenvolvimento Agrário. Para isso, a usina terá que comprar
30% da matéria-prima do agricultor.
No Paraná, os agricultores familiares terão orientação para firmar contratos
antecipados de compra de produção, inclusive na definição do preço que deve
ser pago pelo mercado.
A preocupação com o desenvolvimento de programas de bionergia deve-se à
necessidade de substituição das matrizes energéticas diante da expectativa de
escassez de petróleo no planeta. A previsão é que até 2012 a produção mundial
de petróleo estará menor do que o consumo e até 2060 haverá escassez, de fato.
Até o final deste ano, a Secretaria da Agricultura quer oferecer resultados de
pesquisa para orientar o produtor a desenvolver culturas com potencial de
produção de óleo vegetal que pode ser utilizado nos motores a diesel. Essa
pesquisa está sendo desenvolvida em parceria com o Instituto de Tecnologia do
Paraná (Tecpar), Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) e Secretaria de
Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.
A Secretaria está buscando alternativas de oleaginosas com potencial de
produção de biodiesel, que possam integrar um sistema de produção agrícola e
pecuária.
Ao participar desse sistema, a pequena propriedade não irá depender apenas da
produção de grãos, mas poderá agregar valor com a produção de bioenergia. De
acordo com Richardson de Souza, a intenção é que o agricultor familiar tenha
acesso a mini-usinas de processamento para transformar a oleaginosa em óleo
ou torta e farelo, produtos destinados à pecuária.
O Iapar é o braço executor desse programa ao identificar quais as principais
oleagionosas com potencial de produção de óleo. O órgão está pesquisando
espécies mais adaptadas às condições de clima e solo do Paraná para depois
promover um zoneamento agrícola. Hoje, sabe-se que a soja e o algodão são
culturas com tecnologia já definida para a produção do biodiesel. Mas existem
outras culturas, como girassol, nabo-forrageiro, amendoim, canola, mamona,
também com potencial de produção. A pesquisa está identificando as variedades
que podem ser adaptadas às condições de clima e solo do Paraná.
Outras espécies oleaginosas que o Paraná não tem a tradição do plantio
comercial, mas que pode vir a produzir em escala, são o cártamo, pinhão manso
e tungue. O objetivo é que o agricultor familiar não fique dependente apenas
da produção de soja, uma cultura vulnerável às oscilações de câmbio e do
mercado internacional. Segundo Souza, qualquer elevação de preço da
matéria-prima pode inviabilizar o programa de biodiesel.
Mini-usinas
No programa paranaense de biodiesel o agricultor familiar não será apenas
produtor de oleaginosa. Ele poderá processar sua produção em mini-usinas de
óleo vegetal, que podem ser instaladas dentro da propriedade ou em
cooperativas e associações de produtores. Segundo Souza, o produtor deverá
ter a autonomia sobre o óleo extraído de sua produção para vende-lo
diretamente no mercado, para as agroindústrias que deverão surgir, lembrou.
Outro produto importante que será gerado na propriedade, a partir do
beneficiamento da oleaginosas, será a torta ou farelo que podem ser oferecidos
aos animais. Trata-se de uma atividade que vai agregar valor à propriedade
porque o agricultor familiar terá a opção de vender esses produtos a um médio
ou grande pecuarista, por exemplo. A torta e o farelo elevam os rendimentos
da pecuária com o aumento da produção de carne, leite e ovos.
O papel da Secretaria é organizar os produtores para oferecer matéria-prima
às indústrias da iniciativa privada e planejar a produção das oleaginosas. O
objetivo é desenvolver culturas para serem produzidas o ano inteiro, na safra
de verão, de inverno e safrinha, destacou Souza. “Para isso, será oferecida
assistência técnica ao produtor”, acrescentou.
(Informações do Governo
do Paraná, 16/6/2006)
http://www.aenoticias.pr.gov.br/modules/news/article.php?storyid=21577