Munidos de trajes semelhantes aos de astronautas, técnicos ambientais e funcionários da
fábrica de produtos químicos MBN passaram a manhã de sexta-feira (16/6) drenando águas
poluídas pelo acidente que provocou gigantesco incêndio em Cachoeirinha na terça-feira
(13/06).
O fogo ocasionou vazamento de quatro tipos de solventes armazenados na MBN. Cerca de
60 mil litros desses produtos acabaram se infiltrando no solo da empresa e vizinhanças.
Para evitar que os líquidos escorressem totalmente para o lençol freático e rios contíguos à
fábrica, técnicos da empresa fizeram o produto escoar para um açude de contenção na
própria indústria. Centenas de peixes do açude morreram. A medida conteve o vazamento
dos tóxicos para o Arroio Passinho, nos fundos da empresa.
- Estamos esvaziando o lago antes que chova forte, porque a chuva poderia fazer a água
transbordar e contaminar de novo o riacho - diz José Ricardo Samberg, geólogo da
Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) encarregado de monitorar o local do
acidente.
As águas do lago estão sendo esvaziadas por sucção. O líquido é bombeado por 40
funcionários para dentro de 20 caminhões-pipa.
Ponto de captação da água foi mudado
Como precaução, a Corsan mudou o ponto de captação de água para consumo da
população de Cachoeirinha. O local ficava no Rio Gravataí, próximo à foz do Arroio
Passinho. Agora foi transferido para o município de Alvorada.
A mudança provocou sobrecarga na estação de bombeamento da região e falta de água
para 70 mil residências.
Com a possibilidade de contaminação fluvial momentaneamente afastada, a preocupação
dos técnicos é com o derrame de produtos químicos no solo da empresa. Técnicos têm
espalhado areia e cal sobre os ácidos na fábrica para neutralizar os efeitos dos produtos
que vazaram. O solo é depois raspado, e o material contaminado, recolhido em tambores,
levados para uma empresa de tratamento de resíduos em Canoas.
O resultdo das análises de amostras da água do Rio Gravataí, divulgado sexta-feira pela
Corsan, indicou que o teor do produto tolueno estava dentro do tolerável. Novas análises
serão feitas na segunda-feira (19/06). Segundo a Corsan, o Arroio Passinhos ainda
apresenta sinais de contaminação.
(Humberto Trezzi,
Zero Hora, 17/06/2006)