Um relatório divulgado na sexta-feira (16/06) pelo Programa Ambiental das Nações Unidas (Unep, na sigla em inglês) traz inúmeros dados que alertam para o impacto da poluição e da pesca predatória sobre os oceanos mundiais. Segundo o estudo, há atualmente mais de 46 mil detritos de plástico a cada milha quadrada de oceano. A cada ano, afirma o estudo, detritos plásticos causam a morte de 1 milhão de pássaros marinhos, 100 mil mamíferos aquáticos e inúmeros peixes.
Além de não perecível, o plástico é capaz de viajar longas distâncias. Exemplo disso foi visto no início desta semana, quando embalagens plásticas vindas de diferntes partes do mundo, como Brasil e Japão, foram achadas no remoto arquipelágo de Saint Kilda, na Escócia - local considerado Patrimônio da Humanidade e lar de inúmeras aves.
De acordo com o relatório, sacos plásticos, por exemplo, são particularmente letais para tartarugas e mamíferos, que as confundem com animais que lhes servem de alimento, como lulas e águas-vivas, e, por conta disso, podem morrer de asfixia ou por terem seus intestinos bloqueados.
Pesca
O documento afirma ainda que atividades pesqueiras representam a maior ameaça à biodiversidade oceânica e dos mares profundos, com 52% do cardume mundial de peixes já plenamente explorado. O índice de espécies marítimas ameaçadas ou extintas passou de 10% em meados dos anos 70 para 24% em 2002.
Populações de peixes considerados de grande valor comercial, como atum, bacalhau e peixe-espada, tiveram uma queda de 90% nos últimos cem anos. Segundo o documento, a pesca ilegal e sem regulamentação movimenta entre US$ 4,9 bilhões e US$ 9,5 bilhões.
"Se não agirmos agora, será impossível reverter o impacto sobre os oceanos. Poderemos perder muitas espécies e ecossistemas", afirma Stefan Hain, diretor da Unidade de Conservação de Corais da Unep. O relatório mostra que a pesca ilegal não vitima apenas peixes. Segundo o documento, o uso ilegal de redes para pesca no alto mar mata 300 mil aves marinhas anualmente.
(
BBC, 16/06/2006)