Cobrança sobre emissões bloqueada por Companhia Aérea Alemã
2006-06-17
A maior companhia aérea da Alemanha bloqueou planos para fazer passageiros pagarem pelo dano ambiental causado pelos seus vôos. A Lufthansa rejeitou uma proposta feita pela British Airways para estabelecer um esquema de comércio de emissões, no qual, as companhias aéreas teriam que comprar permissões para cobrir a sua produção de dióxido de carbono.
A Inglaterra apóia fortemente o esquema, e com o respaldo da França e dos países Escandinavos, espera introduzi-lo na Europa até 2008.
O esquema adicionaria até €6 ao custo da passagem aérea, dependendo da distância de cada viagem e do preço de mercado das permissões (créditos de carbono). A Comissão Européia está estudando a idéia e deve fazer algumas propostas em setembro. Mas a Lufthansa está fazendo campanha contra o esquema em Bruxelas, tentando persuadir políticos Alemães e de outros países a votar contra. A companhia enfureceu a British Airways ao declarar que o esquema poderia custar às companhias aéreas mais de €1 bilhão por ano.
O chefe executivo da Lufthansa, Wolfgang Mayrhuber, disse que as mudanças climáticas são um assunto global, e que seria melhor esperar por um esquema mundial que poderia abranger todas as companhias, sem focalizar somente na Europa.Ele disse ao The Times: “Queremos entender as conseqüências antes de aceitar o comércio de emissões. Seria melhor trabalharmos na melhoria da tecnologia para reduzir as emissões, ajudando a todos”.
Mas a BA acredita que é importante agir agora sobre as emissões do setor, pois ele está virando o bode expiatório dos grupos ambientalistas Europeus. O setor da aviação é a fonte de gases do efeito estufa que cresce mais rápido, e os vôos dentro da Europa devem duplicar até 2020. O chefe de assuntos ambientais da BA, Andrew Sentance, disse que a Lufthansa exagerou nos custos. Mas não soube dizer quanto o esquema custaria para as companhias, insistindo que seria acessível e muito mais barato do que a alternativa da cobrança de uma taxa geral sobre os vôos.
Sentance disse: “Assumimos que existem riscos para as companhias, mas podemos administrar estes riscos.” O secretário geral da Associação de Transporte Aéreo da Inglaterra, Roger Wiltshire, representante de 13 companhias aéreas, disse que a Lufthansa poder minar toda a iniciativa. Se as companhias não cooperarem com o comércio de emissões, disse ele, a Comissão Européia poderá impor uma taxa sobre os vôos que pode levar a um aumento ainda mais acentuado nas passagens.
O coordenador da GreenSkies Alliance (coalizão de grupos ambientalistas), Jeff Gazzard, disse: “A Lufthansa está determinada a não pagar sequer um euro para o dano climático dos seus vôos, e está se esforçando para acabar com os planos da Comissão”.
(Carbono Brasil, 14/06/2006)
http://www.carbonobrasil.com/noticias.asp?iNoticia=13422&iTipo=7&idioma=1