Dois voluntários são as primeiras vítimas da erupção do Merapi
2006-06-16
O vulcão Merapi, o mais perigoso da ilha indonésia de Java, fez hoje (16/06)suas primeiras vítimas fatais, dois jovens voluntários que morreram em um bunker subterrâneo 36 horas após terem ficado presos no local. As equipes de resgate conseguiram entrar no refúgio de emergência por volta das 7h (21h de quinta-feira em Brasília) após uma tensa escavação que foi atrasada devido às altas temperaturas dos materiais vulcânicos que bloqueavam as duas entradas.
"Uma das vítimas foi encontrada no chuveiro e seu corpo estava relativamente intacto, mas a outra estava perto da porta do bunker e sua pele estava completamente queimada", declarou à EFE o diretor do grupo de salvamento, Widi Sutikno. Os dois mortos foram identificados como Warjono, de 33 anos, e Sudarwanto, de 27, voluntários indonésios na operação humanitária mobilizada na região há um mês.
Segundo Sutikno, os dois morreram devido às queimaduras causadas pela areia vulcânica que entrou no refúgio e às altas temperaturas registradas no interior do bunker. "A temperatura no interior do bunker oscilava entre 45 e 47 graus centígrados. Na sala principal havia pelo menos um metro de areia a mais de 100 graus centígrados", explicou. "É como se tivessem sido assados em um forno", afirmou um dos membros do corpo de resgate à emissora "Metro TV".
Sutikno disse que será aberta uma investigação para esclarecer se o bunker tinha falhas na construção e entender como o material vulcânico pôde entrar no refúgio de emergência. Havia doze garrafas de oxigênio no bunker, suficientes para sobreviver de dois a três dias. No entanto, o diretor do departamento de Saúde do distrito de Sleman, Sunartono, afirmou que os refúgios subterrâneos foram criados para dar proteção imediata. "Dissipada a nuvem ardente, as pessoas que estavam lá dentro deveriam sair rapidamente e se protegerem. O problema é que a nuvem de ontem foi realmente extraordinária", explicou.
Os dois voluntários se refugiaram no bunker ao serem surpreendidos por uma avalanche de gases tóxicos, cinzas e pó vulcânico que chegou a até sete quilômetros da cratera na tarde de quarta-feira. Os dois foram enterrados à tarde em seu povoado natal, em Java Central, na presença de muitos moradores, autoridades locais e o guardião do vulcão, Mbah Marijan. No dia anterior à avalanche, as autoridades locais tinham rebaixado o estado de alerta do vulcão e milhares de moradores tinham voltado a suas casas pela primeira vez em semanas.
Apesar das críticas recebidas, o diretor do Centro de Pesquisa e Tecnologia Vulcanológica, Ratdomo Purbo, defendeu a decisão. Segundo Purbo, o deslizamento de quase 70% do cone vulcânico nos últimos dias reduziu a pressão no interior da cratera e reduziu o risco de uma grande erupção. No entanto, o Merapi, cujo nome significa "Montanha de Fogo", é conhecido por ser um dos vulcões mais imprevisíveis da Indonésia.
A erupção em 1994, que matou mais de 50 moradores, chegou inesperadamente após um mês de relativa inatividade. Os dois voluntários são as primeiras vítimas do vulcão desde a erupção de 1994. O Merapi, de 2.911 metros de altitude, registrou 70 eruções desde 1548. A pior delas, em 1930, matou mais de 1.300 pessoas.
(EFE, 16/06/2006)
http://noticias.uol.com.br/ultnot/efe/2006/06/16/ult1809u8349.jhtm