Seca reduz cataratas do Iguaçu a fios de água
2006-06-16
A falta de chuva não tem trazido problemas apenas para alguns municípios do Paraná, que já iniciaram programas de racionamento de água, mas também tem prejudicado as Cataratas do Iguaçu, em Foz do Iguaçu, que está tendo suas menores vazões neste ano. Na terça-feira, apenas alguns filetes de água desciam das 75 quedas que formam o complexo. Dos cerca de 1,5 milhão de litros por segundo, estava restrito a 346 mil litros por segundo. Quarta-feira, o volume já subira para 764 mil litros, em razão de as usinas do Rio Iguaçu terem baixado a produção.
Além da seca, a vazão depende da determinação do operador nacional do sistema elétrico do País, que controla o aproveitamento hidráulico nas cinco usinas do rio. Os reservatórios estão baixos. Em função da estiagem, na região Sul, o preenchimento médio chega a 28%. Mas a determinação é de que a vazão no Iguaçu, abaixo de Salto Caxias, a última usina antes das cataratas, nunca seja inferior a 200 mil litros por segundo.
A maior seca registrada nas Cataratas do Iguaçu, segundo dados da Hidrelétrica de Itaipu, foi em maio de 1978, quando menos de 100 mil litros eram derramados por segundo. Já a maior cheia foi verificada no dia 10 de fevereiro de 1983, quando 28,7 milhões de litros projetavam-se por segundo. Na usina de Itaipu, o reservatório, que é alimentado pelo Rio Paraná, estava ontem com a cota de 219,26 metros, um metro abaixo da cota máxima.
Segundo o Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar), Foz do Iguaçu é um dos municípios que mais tem sofrido com a estiagem. Em maio, registrou a pior precipitação de chuvas dos últimos oito anos. A média histórica é de 183,3 milímetros: choveu apenas 0,8 milímetro. Em junho, a média é de 101,7 milímetros, mas até agora choveram apenas 19,3 milímetros.
O problema já vem refletindo fortemente na população. Municípios como Saudade do Iguaçu e Boa Esperança do Iguaçu, no Oeste, estão sendo abastecidos com caminhões pipa. "Estão se formando ilhas de areia no Rio Iguaçu, em União da Vitória (Sul do Estado), uma coisa que nunca vi", disse o diretor de Operações da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), Wilson Barion.
Segundo Barion, a situação também está preocupante nas outras regiões do Estado do Paraná. Em Ortigueira, na região central, o racionamento começou na terça-feira. Na região metropolitana de Curitiba, Campo Largo convive com os maiores problemas. Foi necessário manobrar a rede da capital paranaense para atendê-lo. "Mas Curitiba não suportará mais 60 dias sem atitudes drásticas", disse Barion. Campanhas para racionalizar o uso de água já devem ser colocadas nas ruas. "A primeira atitude é procurar a redução do consumo pela conscientização, para não chegar ao racionamento propriamente dito", afirmou.
(Estadão, 14/06/2006)
http://www.estadao.com.br/ciencia/noticias/2006/jun/14/320.htm