Marinha de Guerra dos EUA continua contaminando ilha em Vieques
2006-06-16
O Comitê Pró Resgate e Desenvolvimento de Vieques (CPRDV) denunciou que a Marinha de Guerra dos Estados Unidos continua dispersando enormes quantidades de contaminantes no ambiente da ilha município, com graves implicações para a saúde. Oficiais militares informaram, na última quinta-feira (08/06), numa reunião pública, que a Marinha detonou mais de 20 toneladas de explosivos em Vieques, em meses recentes, incluindo 1.046 munições de até 2 mil libras, 495 das quais foram classificados como "high explosives".
Pescadores e outros marinheiros viram e sentiram as fortes explosões e as nuvens de partículas que lançam ao ar as detonações, que, segundo a Marinha, são parte de seu programa de limpeza ambiental. O assessor científico da comunidade, Jorge Colón, apresentou evidência, durante a reunião recente, do movimento, em direção à zona povoada, dos tóxicos produtos das explosões. "As agências encarregadas de proteger o ambiente e nossa saúde têm sido totalmente irresponsáveis ante esta nova ameaça militar, como foram no passado," assinalaram porta-vozes do CPRDV.
Segundo documentos do Departamento de Saúde, de 2005, Vieques tem maior incidências de câncer, mortalidade por câncer e risco de contrair câncer que o restante de Porto Rico. Ante esta situação, os viequenses descrevem como criminosa a ação da Marinha e repudiaram a cumplicidade das agências, tanto de Porto Rico, como federais.
A reunião da Junta Assessora para a Restauração Ambiental (RAB, por sua sigla en inglês) foi realizada na quinta-feira passada, no Farol de Vieques, e durou quatro horas. A RAB é uma entidade criada pelas leis federais para permitir a participação comunitária na limpeza de facilidades militares contaminadas. Se incluem na RAB membros da comunidade, representantes da Marinha, a Agência Federal para a Proteção Ambiental (EPA), a Junta de Qualidade Ambiental de Porto Rico, o Serviço Federal de Pesca e Vida Silvestre (agora em controle das ex-zonas militares), CH2M HILL (companhia contratada pela Marinha para a limpeza) e o Governo Municipal de Vieques.
Membros comunitários da RAB criticaram a continuação das detonações e lembraram aos oficiais da Marinha e outras agências que, na passada reunião, exigiram o fim das explosões de munições, devido a falhas no sistema de monitoramento das partículas dispersadas ao ar e que poderiam ser aero-transportadas ao setor civil.
(Envolverde, 14/06/2006)
http://www.envolverde.com.br/materia.php?cod=18546