Num quadro onde os reservatórios da região Sul estão em média com 27% de sua
capacidade, e onde há uma deficiência hídrica que se agrava paulatinamente
desde dezembro de 2005, a Copel pretende colocar em operação ainda em agosto
a usina termoelétrica de Araucária (UEG) na Região Metropolitana de Curitiba,
para que seus 484 MW de potência fiquem à disposição do mercado do Sul do
País nos próximos meses. Segundo o presidente da empresa paranaense, Rubens
Ghilardi, atualmente 60% da energia consumida no Sul está vindo da região
Sudoeste, num total de 4.300 MW/dia para um consumo de 7.200 MW/dia. "E a
perspectiva não é de melhorar e sim de nos aproximarmos e até ultrapassarmos
uma necessidade 5.000 MW/dia por causa da estiagem", informou.
O pedido de antecipação da operação foi feito oficialmente por carta na
terça-feira passada pelo ONS – Operador Nacional do Sistema. Segundo a Copel,
os primeiros meses de 2006 vem se caracterizando por vazões
significativamente menores que a média histórica de 70 anos de observação.
A usina de Araucária teve seu controle adquirido no começo do mês pela Copel,
por US$ 190 milhões (R$ 416 milhões), colocando fim a uma pendência judicial,
envolvendo a empresa norte-americana El Paso, que se desenrolava numa corte
de arbitragem em Paris. Para funcionar, necessita de investimentos de R$ 11
milhões e mais R$ 30 milhões para que possa operar com outros combustíveis,
além do gás natural.
Na ocasião da compra, o presidente da Copel, Rubens Ghilardi revelou que a
empresa pretendia colocar a termoelétrica em operação no início de 2007, mas
com o pedido da ONS, já encaminhou pedido a Petrobras para que garanta o
fornecimento de gás para a usina entrar em operação. "Estamos providenciando
licitações de emergência para obter rapidamente o comissionamento das máquinas
porque a UEG está parada desde setembro de 2002", revelou. E também para
resolver o problema da adequação do sistema de proteção de subfreqüência da
usina para que seja mais tolerante às variações do sistema brasileiro, o que
o fabricante da turbina, a Siemens, já concordou em corrigir. "Certamente, a
usina será usada para aliviar a demanda em alguns horários de ponta",
acrescentou Ghilardi.
(Norberto Staviski,
Gazeta Mercantil, 16/06/2006)