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2006-06-16
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), por meio da unidade Amazônia Oriental, está difundindo no Maranhão uma nova alternativa de cultivo que dispensa o uso de queimadas. A técnica foi desenvolvida no Pará com o foco voltado para a agricultura familiar. As pesquisas contam com cooperação da universidade da Alemanha e o apoio do Banco da Amazônia, que participa com financiamento de R$ 450 mil para levar o novo sistema a todos os estados da região amazônica.

Esta semana, a Embrapa está fazendo demonstrações da nova técnica no município de Bacuri, a 486 quilômetros de São Luís, em parceria com o Banco do Nordeste e com o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). A partir do próximo dia 19, a demonstração será na cidade de Zé Doca, que fica a 318 quilômetros da capital, numa parceria com o Banco da Amazônia.

Queimadas
O fogo é tradicionalmente usado pelo pequeno produtor rural ao preparar a terra para o cultivo. É uma forma de limpar a área, eliminando a capoeira (vegetação secundária) e também disponibilizar seus nutrientes para o solo.

Com o novo método, já utilizado no Pará, o preparo da terra é feito com ajuda da mecanização. Em vez de queimada, a capoeira é cortada e triturada, utilizando uma ferramenta chamada tritucap, máquina de tecnologia alemã. O material cortado e triturado permanece sobre a terra e transforma-se em matéria orgânica.

As vantagens do novo método são várias, pois elimina os impactos negativos da queimada no meio ambiente, amplia a flexibilidade do período de plantio, além de melhorar as condições físicas, químicas e biológicas do solo.

As pesquisas da Embrapa para desenvolver o novo método foram iniciadas desde 1991. Ao longo de quatro anos, os pesquisadores da Embrapa se dedicaram a observar os principais problemas decorrentes do método tradicional.

Com o uso do fogo, o pequeno agricultor disponibiliza nutrientes para o solo, porém, uma grande quantidade é perdida, conforme explica o pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental, o engenheiro agrônomo, Osvaldo Kato. Com a queimada, a vegetação de uma determinada área demora até 10 anos para se regenerar.

A perda de nutrientes e o longo tempo de espera para a capoeira voltar a crescer foram alguns dos principais problemas identificados pela pesquisa. "Quanto mais a capoeira crescer, mais nutrientes terá a terra", observa o pesquisador. "Tirando o fogo, você deixa de perder nutrientes", ressalta.

Sem o uso das queimadas, o meio ambiente também agradece, pois evita-se as emissões de gás carbônico que causam o efeito estufa. A capoeira também é importante para a regulação climática, segundo Kato. O trabalho de corte e trituração da capoeira também pode ser realizado de forma manual, utilizando facões e foices - como já o fazem alguns produtores no Pará. Entretanto, envolve uma grande quantidade de mão-de-obra. "Por isso partimos para o sistema mecanizado", conta Kato.

Compra cooperada
O preço da máquina, porém, pode desestimular o pequeno produtor rural. Varia de R$ 100 mil a R$ 140 mil. Por esta razão Embrapa sugere que o equipamento seja adquirido por meio de cooperativas ou associações. O equipamento é encontrado no Brasil e utilizado na agroindústria florestal.

A universidade da Alemanha, no momento, desenvolve um equipamento exclusivamente para o preparo da terra destinada ao plantio - que derrube e triture ao mesmo tempo a capoeira, deixando a terra no ponto de plantar, proporcionando ganho de tempo para o agricultor.

A redução de ervas daninhas durante a fase de cultivo e dos riscos de incêndios, além de tornar o trabalho do agricultor menos penoso, também são vantagens da mecanização.
(Franci Monteles, Gazeta Mercantil, 16/06/2006)

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