O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) retomou há menos de um mês
o programa Panamazônia, agora em sua segunda versão. Trata-se do mapeamento
completo do conjunto amazônico por imagens de satélites. Neste processo se
poderá distinguir desde áreas desmatadas, solo em reflorestamento e vegetação
queimada. O mais importante é que além do Brasil liderar esse processo,
também o colocará gratuitamente para ser utilizado pelos pesquisadores dos
países vizinhos.
Contudo, os objetivos do Panamazônia vão bem mais longe. Esse é o primeiro
projeto mundial que reúne num só ambiente de estudo e discussão cientistas da
maior floresta e bacia de água doce do mundo. Cada um dos nove países terá um
banco de dados e imagens próprio e poderá intercambiar informações com seus
pares. "Além disto vamos treinar esse pessoal aqui no Inpe e eles retornarão
com laptops contendo os softwares livres para acessarem esses bancos de
qualquer lugar", afirmou o gerente do Panamazônia, Paulo Roberto Martini.
Ao retomar o monitoramento global de toda a floresta, serão usadas imagens
dos satélites de sensoriamento remoto sino-brasileiro Cbers e do
norte-americano Modis. Ambos de livre acesso a qualquer comunidade científica.
"Vamos conseguir monitorar toda a Amazônia até semanalmente, o que era
impensável alguns anos atrás."
O mapeamento será composto por temáticas de estudos, como Floresta, Floresta
Alterada, Cerrado, Rebrota, Área Queimada, Desmatamento Total, Hidrografia,
Nuvem, Cidade, Estrada, Porto e Outros.
Esses itens foram solicitados pelo grupo executivo, liderado pela Agência
Brasileira de Cooperação do Ministério de Relações Exteriores, que orienta a
aplicação de fundos de financiamento ao Projeto.
O Programa Panamazônia 2 segue o modelo de cooperação regional instituído
pela Sociedade Latino Americana de Especialistas em Sensoriamento Remoto. No
momento, cada país está definindo suas equipes, que serão orientadas pelo
instituto para gerarem seus bancos de informações ambientais e de
interpretação de imagens.
O prazo para a qualificação dos pesquisadores estrangeiros é de um ano e no
final do projeto, eles terão condições de montar e fornecer imagens integradas
da floresta sul-americana sobre o desflorestamento amazônico.
O custo total desta etapa do projeto é de US$ 115 mil. O Inpe aguarda a
liberação da peça orçamentária para iniciar os treinamentos em sua sede, em
São José dos Campos, em São Paulo. Para o cientista Martini o Panamazônia 2
estabelecerá um novo paradigma na região coberta pela vegetação oriunda do
complexo. "Estaremos mostrando que a floresta em pé é muito mais valiosa e
tem um espaço imenso para o desenvolvimento sustentável."
O Brasil é o maior distribuidor de imagens de satélite do mundo, devido a
política de fornecimento gratuito iniciado em junho de 2004. Até março deste
ano, foram distribuídas 190 mil imagens a usu-ários do território brasileiro.
(Júlio Ottoboni,
Gazeta Mercantil, 16/06/2006)