A crescente demanda por biodiesel está mudando o panorama da produção de oleaginosas na União Européia. Apesar da safra recorde de canola nos dois últimos anos, por causa do aumento da área e das boas condições climáticas, a procura pelo óleo dessa planta ainda supera a demanda. As informações estão em um relatório divulgado na quarta-feira (14/06) pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).

A situação tem causado algumas "turbulências" no mercado, que, agora, busca se adaptar aos novos tempos. As esmagadoras, principalmente do norte da Europa, agora se vêem obrigadas a adaptar suas estruturas, então voltadas para o processamento exclusivo de soja, ao esmagamento de canola e outras oleaginosas. Um dos motivos da substituição são as baixas margens de lucro geradas pelo grão na região.

O alto preço do óleo de canola, causado pela pressão de demanda, tem efeito particularmente adverso para indústria de alimentos. Algumas empresas do setor estão procurando aumentar a produção de óleo a partir de girassol. A opção costumava ser a mais cara da Europa, mas, agora, já está entre as mais competitivas. O óleo de girassol já está cerca de US$ 150 por tonelada mais barato do que o óleo de canola.

Seja por questões econômicas ou por sua reconhecida qualidade, a demanda por óleo de girassol está crescendo, assim como as importações da União Européia.

No bloco, cerca de 80% do biodiesel é produzido a partir do óleo de canola. Não é possível produzir o combustível somente a partir da soja. A legislação européia limita a 25% a mistura de óleo de soja no blend do biocombustível.

Mesmo assim, a produção de soja deve crescer na Europa na safra 2006/07. O avanço é causado, principalmente, pela reforma no setor do açúcar no continente. A redução nos subsídios está encorajando os produtores italianos a trocar o cultivo de beterraba pelo de soja.
(Estadão, 15/06/2006)
http://www.estadao.com.br/agronegocios/noticias/2006/jun/14/393.htm