Deputados estaduais que acompanham as negociações de investimentos em
florestamento na Metade Sul manifestaram ontem a preocupação com a
possibilidade de as empresas deixarem o Estado por conta de uma
eventual demora nas liberações ambientais.
Mas uma parceria entre a Fundação Estadual de Proteção Ambiental
(Fepam) e a Associação Gaúcha de Empresas Florestais (Ageflor) pode
tornar mais rápidas as vistorias de áreas - as análises serão feitas
de helicóptero.
Na semana passada, os deputados visitaram fábricas de celulose e áreas
de floresta na Finlândia, para verificar a cadeia produtiva no país.
No contato com representantes das empresas Stora Enso, VCP e Aracruz,
teria ficado implícito que há a possibilidade de o Estado perder espaço
para áreas em países vizinhos, como Uruguai e Argentina.
- Não houve comunicação explícita, mas ficou a impressão. O Estado é o
foco, mas não descartam mudar de rumo - disse na quarta-feira (14/06)
o deputado Vieira da Cunha (PDT).
Para o diretor-presidente da Fepam, Antenor Ferrari, a preocupação dos
deputados com a demora nas vistorias não é mais procedente desde a
semana passada, quando a fundação estabeleceu um acordo com a Ageflor
para usar um helicóptero na análise das áreas. Assim, grandes faixas
de terra poderão ser vistoriadas em um dia, um trabalho antes feito de
carro.
- Houve demora para estabelecer os critérios para o plantio, mas agora
está tudo resolvido - garantiu.
O que está em risco
Somadas, as iniciativas das empresas podem chegar a investimentos de
US$ 3 bilhões:
> A Stora Enso está comprando 50 mil hectares de terras, em oito
municípios, para plantação de florestas. A madeira deve ser destinada
a uma fábrica de papel e celulose, na Fronteira Oeste.
> A Votorantim comprou 40 mil hectares de terras em 14 municípios, num
raio de 200 quilômetros, entre Rio Grande, Bagé e o norte do Uruguai,
para implantação de viveiro com capacidade para 30 milhões de mudas de
eucalipto/ano e 500 mil mudas anuais de espécies da flora nativa.
> A Aracruz Celulose inaugurou em janeiro a expansão da planta
industrial em Guaíba, o que permitiu o aumento da produção de 400 mil
toneladas anuais de celulose branqueada de eucalipto para 430 mil
toneladas/ano.
(
Zero Hora, 15/06/2006)