Terça-feira à tarde (13/06), um grupo de 20 agricultores da região serrana
deixou de dar atenção ao cultivo na terra para aprender um pouco sobre
mecânica. O conhecimento captado em Lages levou aos produtores uma nova
oportunidade de fazer economia e preservar o meio-ambiente. O ecologista
Paulo Lenhardt apresentou as técnicas para adaptar os motores dos tratores ao
uso de óleo vegetal como combustível.
A experiência deu resultados positivos em dez equipamentos testados na região
Sul do país, entre eles no trator do agricultor Josete Niehues, de Urubici,
que desde o ano passado usa óleo de cozinha reutilizado para trabalhar com o
veículo nas lavouras de hortaliças.
Lenhardt foi convidado pelo Centro Vianei de Educação Popular e CooperSerra a
ministrar o curso que tornou uma referência para agricultores da região do
Vale do Rio Caí, no Rio Grande do Sul.
A técnica não altera a mecânica do motor. O experimento utiliza um tanque
anexo que é usado para armazenar o óleo vegetal para ser consumido no veículo.
O agricultor usa o sistema de forma flexível que se adapta para o diesel,
como para o óleo de cozinha.
Só que antes de ser usado, o novo combustível precisa passar por um processo
de limpeza, feita através de decantação, que retira toda a salinidade
existente, e de aquecimento, para deixar o material sem a presença de água.
Caminhonete S-10 fará a maior propaganda
Lenhardt mostrou como são feitas as conexões do tanque suplementar ao motor e
a forma de refinar o óleo antes de ser usado. Para o uso automotivo, o motor
deve ser acionado primeiramente pelo sistema tradicional, no caso com o
diesel. Somente depois da mecânica aquecida é feita a troca do sistema para
o combustível alternativo.
O instrutor usa uma caminhonete S-10 como principal meio de propaganda da
experiência. Um tanque adaptado na carroceria armazena 100 litros de óleo de
cozinha que é usado pelo motor. Com ele, o ecologista percorreu 50 mil
quilômetros usando apenas o produto vegetal.
- O consumo é o mesmo apresentado pelo óleo diesel (cerca de 10 km por litro),
só que a vantagem é que não há praticamente custos e conseguimos retirar do
meio ambiente um material danoso à natureza - destacou.
Lenhardt disse que praticamente um litro de óleo de cozinha por habitante é
despejado mensalmente nos esgotos dos grandes centros urbanos. Para tentar
diminuir esse desperdício, o diretor do Centro Vianei Natal Magnanti pretende
criar um centro de captação de óleo de cozinha para fornecer aos agricultores
interessados em investir nessa alternativa.
- Com a propagação dessa iniciativa podemos pensar na idéia de montar uma
usina de refino de óleo combustível puro oriundo de vegetais como o girassol,
soja, canola, amendoim entre outros produtos - disse o dirigente.
O agricultor Paulo Rossi, de Alfredo Wagner participou do curso com outros
cinco colegas, entre eles dois mecânicos. A idéia é divulgar essa alternativa
para adaptar nos motores dos minitratores, conhecidos como tobatas. Esse
veículo é utilizado por cerca de 1,2 mil famílias do município e ajudaria a
diminuir os custos de produção.
- Vai dar muita economia.
(Por Diego Rosa,
Diário Catarinense, 14/06/2006)