Conferência em Madri debate gestão sustentável dos recursos genéticos
2006-06-15
A Comissão Sobre Recursos Genéticos para Agricultura e Alimentação (CGRFA) reúne-se pela primeira vez em Madri. Seu objetivo é garantir uma distribuição justa dos recursos que arrecada. "Ainda há problemas políticos", declara Manfred Bötsch, diretor da Secretaria Federal de Agricultura (AFAG) e chefe da delegação suíça. "Primeiro, ainda há pequenas divergências na formulação do acordo de transferência de material" precisa Bötsch a swissinfo.
Esse acordo visa facilitar as "trocas de benefícios" dos recursos geridos pelas plantas genéticas entre pesquisadores e agricultores. "Todo mundo ganha; se os países desenvolvidos dispõem de uma grande biodiversidade, ela poderá ser utilizada pelas empresas dos países em desenvolvimento e haverá uma troca de benefícios". Para Manfred Bötsch, o segudo desafio refere-se à estratégia de financiamento, por exemplo qual será a função do Fundo Fiduciário Mundial para a Diversidade de Culturas.
Um papel crucial
Os recursos das plantas genéticas para a alimentação e a agricultura, material de base utilizado pelos agricultores para melhorar a qualidade e o rendimento das colheitas, têm um papel crucial na alimentação da população mundial, na agricultura sustentável e na segurança alimentar. O Tratado Internacional sobre os Recursos Genéticos para Agricultura e Alimentação foi adotado pela FAO - organização da ONU para agricultura e alimentação - em novembro de 2001. Entrou em vigor em 2004, três meses depois de ter sido ratificado por 40 países, inclusive pela Suíça. A Suíça tem, desde 1988, um plano nacional para fazer um inventário, a conservação e a utilização sustentável das plantas cultivadas nativas.
Os governos que ratificaram o tratado formulado pela CGRFA, órgão dietor, deverão responder a quatro questões essenciais durante a conferência de Madri. Primeiro, a forma de pagamento quando da comercialização. Depois, questões ligadas à transferência de material e aos mecanismos que favoreçam a compatibilidade do tratado com as práticas existentes. Enfim, a estratégia de financiamento.
Dificuldades
Manfred Bötsch reconhece que há dificuldades políticas e financeiras e afirma que a Suíça tem realmente a vontade de contribuir servindo de elo entre os diferentes pontos de vista. "A Suíça contribuiu ativamente no processo de elaboração do tratado, afirma. Nós também incentivamos a criação do Fundo Mundial pela biodiversidade".
Quanto às vantagens de um tal tratado, o diretor do OFAG afirma que ele tem amplo apoio dos países desenvolvidos e dos países em desenvolvimento. "Todo mundo vai tirar proveito", acredita ele. "Estou otimista. Até aqui, todas as delegações presentes em Madri admitem que o tratado é muito importante para permitir que pequenos problemas técnicos impeçam sua aplicação".
(Por Thomas Stephens, Swissinfo, 12/06/2006)
http://www2.swissinfo.org/spt/Swissinfo.html?siteSect=105&sid=6803370&cKey=1150123753000