Cientistas querem aquecimento global na agenda de G8
2006-06-15
Os líderes mundiais não podem permitir que a preocupação com a segurança no fornecimento de energia os afaste da promessa de adotar medidas para combater o aquecimento global, afirmaram importantes cientistas na quarta-feira (14/06). Os planos para as mudanças climáticas acertados na cúpula do Grupo dos Oito (G8) realizada na Escócia um ano atrás correm o risco de serem tirados da agenda da próxima reunião da entidade, na Rússia, devido à preocupação com a segurança do fornecimento de energia, disseram.
"Um ano depois da cúpula de Gleneagles, onde o G8 comprometeu-se em tomar medidas a respeito das mudanças climáticas, não podemos permitir que essa questão crucial seja colocada de lado", afirmou Martin Rees, presidente da Sociedade Real da Grã-Bretanha. Rees é um dos signatários de um comunicado de academias científicas enviado ao G8 e a Brasil, China, Austrália e África do Sul. "O G8 precisa mostrar que falava seriamente. Ele precisa integrar as discussões sobre o clima com as discussões a respeito da segurança no suprimento de energia", disse.
A Grã-Bretanha levou o aquecimento global para o alto da agenda durante sua passagem pela Presidência do G8, em 2005, arrancando de alguns dos maiores poluidores do mundo promessas sobre agir no combate ao problema. Mas a preocupação com o suprimento de combustíveis aumentou depois de a Rússia ter suspendido, por um curto período, em dezembro, o fornecimento de gás em meio a uma disputa com a Ucrânia, depois da escalada da insurgência no Iraque e diante do impasse nuclear com o Irã.
Esses fatores contribuíram para elevar o preço dos barris de petróleo até patamares recorde. Ambientalistas dizem que a preocupação dominou as discussões realizadas antes da cúpula do G8 em São Petersburgo, a acontecer entre os dias 15 e 17 de julho, empurrando para fora da agenda as medidas a serem tomadas depois das declarações feitas na reunião de Gleneagles a respeito das mudanças climáticas.
O presidente dos EUA, George W. Bush, que assinou a declaração de Gleneagles, mas que não ratificou o Protocolo de Kyoto (que prevê cortes na emissão de gases do efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento da Terra), defendeu que seu país seja menos dependente das importações de petróleo.
Em parte como resultado da crescente preocupação com o fornecimento de energia, aumenta o interesse de vários países nas usinas nucleares e no carvão. "Por serem alguns dos maiores usuários de energia do mundo, os membros do G8 têm uma responsabilidade especial quando se trata de estimular uma revolução de energia limpa capaz de atuar econômica, ambiental e socialmente", afirmou Rees.
(Por Jeremy Lovell, Reuters, 14/06/2006)
http://noticias.uol.com.br/ultnot/internacional/2006/06/14/ult27u56123.jhtm