Nascentes e matas ciliares do Rio São Francisco - vegetação que regula o
fluxo da água e sedimentos que correm em um afluente - estão sendo destruídas
pelo avanço das monoculturas de eucalipto e grãos na região de Minas Gerais.
A denúncia é do geógrafo da Universidade de São Paulo (USP), Ariovaldo
Umbelino de Oliveira.
"A expansão do cultivo de eucalipto na área das nascentes do Rio São
Francisco já fez secar em Minas [Gerais] mais de 4 mil nascentes que formam o
rio. Esta agricultura [de eucalipto] é profundamente predadora e depredadora
do meio ambiente”.
Segundo reportagem publicada pela TV Globo, na região de Januária, norte de
Minas Gerais - conhecida como médio São Francisco - o desmatamento para
plantio do eucalipto já atingiu um milhão de hectares. Como conseqüência, a
mata ciliar, que antes funcionava como esponja para armazenagem da chuva,
não retém água. Pelo contrário, ´lava´ a camada superficial do solo e carrega
a lama para os rios, gerando o chamado assoreamento.
O Rio São Francisco, que possui cerca de 2.800 km, tem sido alvo de centenas
de debates nos últimos anos em razão do projeto de transposição de seu leito,
supostamente para abastecer pequenos rios e açudes castigados pela seca. O
projeto, que é de elaboração da equipe do governo federal, é questionado por
ambientalistas e movimentos sociais, que defendem a revitalização no lugar
das obras de transposição.
(Por Clara Meireles, Agência Notícias do Planalto, disponível em
Ecoagência, 14/06/2006)