Pesquisadores de uma empresa da Califórnia (EUA) anunciaram o desenvolvimento de uma técnica que poderá permitir a produção de galinhas transgênicas em larga escala. Em um estudo publicado na mais recente edição da revista Nature, eles reportam o estabelecimento das primeiras linhagens de células-tronco germinativas - não só de aves, mas de qualquer espécie -, que podem ser transformadas in vitro para a produção de animais geneticamente modificados.
As galinhas transgênicas serviriam a diversas utilidades, dependendo do gene que for introduzido em seu DNA. A proposta da empresa é transformar as aves em biofábricas de moléculas terapêuticas, que poderiam ser produzidas nos ovos e depois purificadas para uso medicinal - a um custo muito menor do que a produção em laboratório ou extração de outros animais. Por exemplo, a produção de anticorpos para o tratamento do câncer e outras doenças.
Os tecidos dos filhotes têm proteína fluorescente
Para testar a tecnologia, os cientistas utilizaram o gene GFP, responsável pela síntese de uma proteína verde fluorescente das água-vivas - o que facilita a verificação dos resultados. O primeiro grande desafio foi estabelecer as linhagens de células-tronco germinativas, retiradas de embriões de galinha com cerca de dois dias de desenvolvimento.
Essas são as células-tronco primordiais que vão se transformar em óvulos e espermatozóides - diferente das células-tronco embrionárias em geral, que originam todos os outros tecidos do organismo. Pela primeira vez, os cientistas conseguiram manter essas células em cultura sem que se diferenciassem, introduziram o gene GFP em seu DNA e as colocaram de volta dentro de embriões.
O resultado foram galinhas geneticamente modificadas, mas apenas em suas células germinativas. Os filhotes dessas aves nasceram completamente transgênicos, expressando a proteína fluorescente em todos os seus tecidos. A empresa, Origen Therapeutics, já produziu dezenas de galinhas GFP, segundo o vice-presidente de Pesquisa, Robert Etches.
(
Zero Hora, 14/06/2006)