Poluição das fábricas da Aracruz Celulose vai aumentar no ES
2006-06-14
A poluição do ar no município de Aracruz, que atinge até a região da Grande Vitória, e, do mar, será maior: a Aracruz Celulose aumentará a produção de suas três fábricas de 2,08 milhões (a produção de 2005 foi de 2.134,5 mil toneladas) para 2,33 milhões toneladas/ano. A empresa também terá que aumentar a produção de eucalipto, matéria prima da celulose.
Os efluentes da empresa, com elevados teores de poluentes químicos, são jogados no mar através de emissários submarinos. Os poluentes contaminam a região e reduziram a quantidade de peixes em vasta área, como denunciam os pescadores.
Há ainda a poluição do ar: os conhecidos "puns" da empresa chegam à Grande Vitória e contaminam grande parte do litoral norte.
A empresa anuncia que investirá R$ 442 milhões no projeto. E que terá que consumir mais 716 mil metros cúbicos de madeira por ano. Mas que não haverá aumento da base florestal própria. Isto quer dizer que a empresa vai usar mais terras dos agricultores para plantar eucalipto.
A empresa assume que o que chama Programa Produtor Florestal já é praticado em 81 mil hectares contratados com mais de 3 mil produtores rurais no Espírito Santo, Bahia, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.
Os novos plantios de eucalipto abrirão 200 vagas, anuncia a empresa. Como 30 hectares com eucalipto geram apenas um emprego, terão quer ser plantados 6 mil hectares novos de eucalipto, para atender a nova capacidade de produção das fábricas. Seis mil hectares com plantios agrícolas geram pelo menos igual número de emprego.
As operações florestais da Aracruz Celulose já degradam os estados do Espírito Santo, Bahia, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. A empresa diz que são 261 mil hectares de plantios de eucalipto. O latifúndio da empresa conta ainda com de 139 mil hectares de terras. Ambientalistas e agricultores dizem que os números da empresa são irreais.
A Aracruz Celulose anuncia que as obras em suas fábricas serão concluídas em setembro de 2007. A capacidade nominal de produção da Aracruz Celulose no país é superior a 3 milhões de toneladas anuais de celulose branqueada de fibra curta de eucalipto. Além das unidades de Barra do Riacho, em Aracruz, a empresa tem fábricas em Guaíba, no Rio Grande do Sul, 430 mil tonelada anuais, e Veracel, na Bahia (900 mil toneladas anuais).
A Aracruz Celulose é líder mundial na produção de celulose branqueada de eucalipto: a empresa responde por cerca de 30% da oferta global do produto, 57% da celulose vendida é para produção de papéis sanitários. Da demanda de 2005, a Europa respondeu com 43,3% do total, e América do Norte, com 35,1%.
No processo de implantação a empresa destruiu cerca de 50 mil hectares de mata atlântica no Estado. E continua destruindo, como comprovou o Ibama da Bahia, no final do ano passado, que multou a Veracel (onde a Aracruz Celulose tem 50% das ações) por destruir ou impedir a regeneração de 1.200 hectares de vegetação nativa.
A empresa tomou terras ou comprou a preços vis de quilombolas e pequenos proprietários. E ainda tomou e ocupou terras indígenas.
O controle acionário da Aracruz Celulose é exercido pelos grupos Lorentzen, Safra, Votorantim (28% do capital votante cada) e pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES -, com 12,5% do capital). As ações preferenciais da Companhia, perfazendo 56% do total do capital, são negociadas nas Bolsas de Valores de São Paulo, Nova York e Madri.
O presidente da empresa é Carlos Augusto Lira Aguiar, engenheiro químico, nascido em 1945, em Sobral, no Ceará.
(Por Ubervalter Coimbra, Século Diário, 13/06/2006)
http://www.seculodiario.com.br/arquivo/2006/junho/13/index.asp