O antes parecia ser apenas uma lenda ou trechos de relatos de
antigas histórias ligadas a descobertas ocorridas no século XVIII - a
existência de diamantes de pequeno tamanho, mas de alta qualidade gemológica
no Rio Tibagi, e sua exploração irregular - está se confirmando.
Ontem (12/06) a Polícia Federal deflagrou a "Operação Tibagi" para reprimir a extração
ilegal de diamantes no Rio Tibagi e o "esquentamento" de pedras de vindas de
outras regiões, mediante a emissão fraudulenta de certificados Kimberley -
certificação oficial necessária para a comercialização internacional de
pedras preciosas.
O Rio Tibagi nasce na região de Ponta Grossa e deságua no Paranapanema,
percorrendo pouco mais de 600 quilômetros. A procura de diamantes se
concentra em Telêmaco Borba, a 160 quilômetros de Curitiba, onde a Klabin
possui áreas de reflorestamento e a sua maior fábrica de papel.
Investigação conjunta
A Polícia Federal em Curitiba desencadeou a operação às 6 horas de ontem como
resultado de investigações conjuntas da Delegacia de Meio Ambiente e
Patrimônio Histórico da Polícia Federal (Delemaph) e do Ministério Público
Federal de Ponta Grossa. Segundo a Polícia Federal, no decorrer das
investigações "surgiram fortes indícios da atuação do superintendente do
Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), Wadir Brandão, que se
beneficiando do cargo público, dirigia atividade criminosa de exploração
mineral no leito do Rio Tibagi".
Estão sendo cumpridos 11 mandados de busca e apreensão expedidos pela 1ª Vara
Federal Criminal em Ponta Grossa/PR, sendo seis em Telêmaco Borba/PR e cinco
em Curitiba, além de um mandado de prisão preventiva em desfavor de Wadir
Brandão que foi preso em Curitiba, em sua residência no Bairro Jardim Social.
O superintendente do Departamento Nacional de Produção Mineral é acusado de
envolvimento com a concessão ilegal de alvará de lavra, emissão fraudulenta
de certificados Kimberley, tráfico de influência e advocacia administrativa,
dentre outros e ficará detido na Superintendência da Polícia Federal em
Curitiba, à disposição da Justiça Federal em Ponta Grossa.
No início deste ano, o Instituto Ambiental do Paraná (IAP), já havia autuado
13 empresas mineradoras que trabalhavam irregularmente na região por estarem
comprometendo o Rio Tibagi ao retirar o cascalho através de balsas e
mergulhadores e transportar o material para outros locais.
(Norberto Staviski,
Gazeta Mercantil, 13/06/2006)