Pontos turísticos entre 1960 e 1975, as cascatas Véu de Noiva e Narciso, no bairro Piratini, sofrem, atualmente, os efeitos do crescimento desordenado e sem planejamento de Gramado. Nas belas quedas, onde deveria correr água, desemboca esgoto. Em situação de total abandono, o que predomina nos antigos cartões postais é o cheiro podre e a água turva.
Para um grupo de meninos de 4ª e 6ª série da Escola Senador Salgado Filho, que foi de bicicleta até a Cascata dos Narciso, na tarde quarta-feira, dia 7, o quadro é desanimador.“Com toda a poluição, não é bom nem chegar perto”, comenta uma das crianças.
Na Cascata Véu de Noiva, o único sinal da presença humana são os “despachos” e “macumbas” às margens do “esgoto corrente”. Enquanto nenhuma solução é adotada, melhor é que turistas e crianças do bairro fiquem longe dos locais.
Em busca de soluçõesDe acordo com o secretário de Meio Ambiente, Luiz Antônio Barbacovi, a rede de esgoto cloacal deverá solucionar o problema de poluição nas cascatas. “Atualmente, 1.500 economias estão ligadas à rede de esgoto. No entanto, existe uma lei municipal que determina que todos devem realizar a ligação ao esgoto cloacal”, explica Barbacovi.
Conforme ele, as bacias 1, 2 e 3 contribuem para a solução dos problemas da área das duas cascatas. “Vamos fazer uma campanha para as pessoas realizarem a ligação. Na avenida Borges de Medeiros, todas as economias devem estar ligadas até o final das obras. Com essas medidas, vamos melhorar a situação”, afirma.
O secretário destaca que a idéia é criar um projeto de revitalização das cascatas Véu de Noiva e dos Narciso. “Em parceria com as secretarias de Turismo e Planejamento, queremos implementar a despoluição das cascatas”, antecipa.
Luta para manter último arroio livre da poluição
ransformar a área do Arroio Tapera em patrimônio natural, onde a propriedade e a conservação permaneçam na mão dos agricultores. Esse é o grande objetivo da Associação de Proteção ao Arroio Tapera e Ambiente Natural (APATAN), criada há cinco meses, pelos moradores das comunidades de Tapera, Marcondes, Marcondes Baixa e Renânia. Porém, a luta da entidade, que conta com 200 associados, não é tão simples quanto parece.
O Arroio Tapera é o único que ainda não foi afetado pela poluição. Para manter o quadro de águas cristalinas e potáveis, a associação tenta evitar a construção de loteamento popular no Carazal, que ficará a 150 metros da nascente do arroio. “Não somos contra o loteamento, mas o local é inadequado. Não existe indústrias e transporte. Não tem nenhuma estrutura! O loteamento popular se tornará um problema para a região”, adverte o presidente da APATAN, Paulo Moschen.
Ele pede sensibilidade do Poder Público para a construção do loteamento. Os membros da associação sugerem que a área desapropriada do Loteamento Carazal seja transformada em parque natural de preservação científica e turística “Prevenir é melhor e mais eficaz do que despoluir. Além de gastar, as águas nunca mais voltarão a ser puras”, frisa.
Conforme Moschen, a comunidade está unida para manter a situação sob controle e trabalha em parceria com o MARH, UFRGS, UCS e EMATER. “Todos estão conscientes da importância da preservação do único local de água não poluída de Gramado”, observa.
Para a vice-presidente da APATAN, Marlise Grings Faiz, a conservação do ambiente é fundamental para o desenvolvimento do turismo rural e para as gerações futuras. “Eu nasci e me criei olhando as belezas do Arroio Tapera. Gostaria que meus filhos e netos também pudessem ver. O loteamento popular pode prejudicar o turismo rural e poluir as águas do arroio”, prevê.
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Jornal de Gramado, 12/06/2006)