O Rio São Francisco, que corta o país de Sul a Norte numa extensão de quase 3 mil quilômetros, movimenta os geradores de nove hidrelétricas e fornece água a 25 projetos de irrigação implantados pelo governo, sem contar as milhares de irrigações particulares ao longo de seu curso. De São Roque de Minas, onde nasce, até a foz, na divisa de Alagoas com Sergipe, o rio banha 504 municípios, boa parte em plena caatinga. Exatamente 95% desses municípios lançam no rio esgotos sem qualquer tratamento. Conhecido por Rio da Integração Nacional ou por Velho Chico, o São Francisco despeja hoje no Atlântico bem menos água do que há alguns anos - são 1.100 metros cúbicos por segundo neste ano, contra 2.300 metros cúbicos no ano passado. Até a década de 60, 1.570 quilômetros eram navegáveis. Hoje os trechos navegáveis se reduziram bastante, por causa dos bancos de areia. O rio já não pode mais receber embarcações de grande calado. Em algumas regiões já é possível atravessar o rio a pé, devido ao assoreamento e à seca. As hidrelétricas construídas ao longo do rio são as de Três Marias, Moxotó, Sobradinho, Itaparica, complexo de Paulo Afonso (quatro usinas) e Xingó. Cerca de 95% da energia consumida no Nordeste podem sair destas hidrelétricas, mas a atual seca baixou a quantidade de água das represas para apenas 10% de sua capacidade. As águas do São Francisco banham cinco estados (MG, BA, PE, SE, AL) e recebem afluentes de Goiás e do Distrito Federal. Nos 504 municípios banhados pelo rio vivem cerca de 15,5 milhões de pessoas, 350 mil delas trabalhando em 25 grandes projetos de irrigação, onde são plantados 122 mil hectares, especialmente frutas para exportação e abastecimento do centro-sul na entressafra. Outros 20 mil hectares devem ser irrigados em breve e mais 660 mil são estudados com essa finalidade. Com a irrigação no Vale do São Francisco, o Brasil se tornou o segundo maior produtor de frutas do mundo. Conforme a Companhia Hidrelétrica do Vale do São Francisco (Codevasf), 25 mil pessoas vivem da pesca no rio, mas a quantidade e qualidade dos peixes vêm se reduzindo rapidamente.