Um programa da Organização das Nações Unidas (ONU) para incentivar o uso de
fontes de energia renováveis em países pobres está se expandindo rapidamente
e
reduzirá a emissão de gases do efeito estufa em mais de 1 bilhão de
toneladas até 2012, afirmou a entidade na última sexta-feira (09/06).
O programa faz parte do Protocolo de Quioto (acordo elaborado com o intuito
de
combater o aquecimento da Terra controlando o uso de combustíveis fósseis)
e,
de acordo com o Secretariado das Nações Unidas para o Meio Ambiente, inclui
mais de 800 projetos, como os de usinas de força que usam bagaço da cana no
Brasil.
Segundo o secretariado, mais de 200 projetos de energia limpa foram criados
a
partir do programa, conhecido como Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (CDM).
Outros 600 estão sendo avaliados.
Pelo CDM, os países ricos podem investir em fontes de energia renováveis em
países em desenvolvimento - tais como usinas hidroelétricas na Guatemala ou
em
projetos de absorção de metano na China - e depois usar esses créditos para
as
emissões domésticas de gases do efeito estufa, como o dióxido de carbono
(derivado da queima de carvão e gasolina).
Esses créditos podem, teoricamente, ser vendidos - dando aos países ricos o
incentivo de que precisam para investir. Alguns analistas afirmam que o CDM
poderá um dia canalizar US$ 100 bilhões para projetos de energia limpa em
vários
países. "O potencial conhecido do mecanismo atualmente é o de gerar uma
redução
de cerca de 1 bilhão de toneladas nas emissões até o final de 2012", afirmou
o
secretariado, cuja sede fica em Bonn, na Alemanha.
Estima-se que essa redução aconteça entre este momento e o final de 2012.
As emissões anuais de gases do efeito estufa decorrentes de atividades
humanas - principalmente da queima de combustíveis fósseis em usinas de
força,
veículos e fábricas - superam 25 bilhões de toneladas. Cerca de um quarto
desse
montante vem dos Estados Unidos.
"A meta de 1 bilhão de toneladas corresponde às emissões anuais da Espanha e
da
Grã-Bretanha combinadas", afirmou o órgão, em um comunicado. Os britânicos
produzem 650 milhões de toneladas de dióxido de carbono e a Espanha, 350
milhões.
O Protocolo de Quioto obriga 35 países industrializados a, até 2008-2012,
baixar
em 5,2% a emissão de gases do efeito estufa em relação aos patamares
registrados
em 1990.
Os Estados Unidos retiraram-se do acordo em 2001, afirmando que ele
significaria
uma diminuição da oferta de trabalho no país e criticando o fato de o acordo
não
impor metas de redução aos países em desenvolvimento.
(
Gazeta Mercantil/Reuters , 12/06/2006)