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2006-06-13
Sintonizados em indicativos mundiais que mostram que a preservação do que ainda resta de mata nativa só será possível mediante a ampliação das áreas de reflorestamentos comerciais, mais de 200 pequenos agricultores de Joinville estão envolvidos em uma empreitada de proteção das florestas que encobrem mais de 400 quilômetros quadrados do interior do município.

Estimulados pela Fundação Municial 25 de Julho, desde setembro do ano passado, os agricultores estão articulados em torno do Núcleo de Silvicultura, entidade criada com o objetivo de preservar a mata atlântica e oferecer mais uma boa alternativa de renda às suas propriedades.

Jorge Momm, presidente do núcleo, diz que o objetivo da entidade é agregar renda. "Queremos aproveitar espaços não muito adequados para atividades agropecuárias para a formação de pequenas reservas florestais para garantir estoques de lenha necessários nas propriedades rurais, além da venda de pequenas quantidades de toras para empresas madeireiras", explica.

Diante da multiplicação de pequenos reflorestamentos, circulam nos últimos meses boatos de que o Núcleo de Silvicultura da fundação estaria forçando uma mudança nos rumos da vocação agrícola do município, com o agravante de comprometer os recursos hídricos disponíveis no interior de Joinville. Os líderes do núcleo desmentem e garantem que o projeto respeita a preservação do meio ambiente e será devidamente controlado e fiscalizado pela entidade.

Vocação agrícola do município fica intocada
O presidente do Núcleo de Silvicultura, Jorge Momm, disse que a entidade não pretende modificar a vocação agrícola do município, muito menos comprometer as águas. "Os pequenos reflorestamentos não ocupam nem 10% da área total das propridades envolvidas no processo e o plantio é feito longe de nascentes de nascentes de água", garante o silvicultor.

German Ayala, agrônomo da Fundação Municipal 25 de Julho, designado para dar assistência técnica aos silvicultores, reforça a argumentação de Jorge Momm, esclarecendo que os agricultores são orientados a implantar reservas forestais fora de áreas de preservação permanente. "Seria uma irresponsabilidade mandar plantar árvores com fins comerciais em áreas de nascentes, pois no futuro os agricultores não poderiam usufruí-las", sintetiza o agrônomo.

Ayala acrescenta que os boatos de mudança de vocação agrícola e de comprometimento dos recursos hídricos deve-se ao preconceito existente em relação ao eucalipto. "Criou-se uma espécie de mitologia em torno do eucalipto, qual seja, que ele seca banhados, córregos e rios. A verdade, no entanto, é que a maioria das espécies de eucalipto, como é o caso da Grandis, a mais plantada pelos silvicultores de Joinville, nem se desenvolve em solos muito úmidos, preferindo terrenos mais secos. Os silvicultores não estão, portanto, promovendo uma escalada para mudar os rumos da vocação agrícola, nem para acabar com as nascentes de água", ressalta o agrônomo.

Fundação diz "não" à monocultura entre pequenos>br> O presidente da Fundação Municipal 25 de Julho, Darci Hardt, disse que os pequenos reflorestamentos de eucaliptos e outras espécies vegetais não vão provocar impacto negativo no meio ambiente. "Monoculturas em grandes áreas, sejam elas de eucalipto, soja, milho ou qualquer outro vegetal, essas sim provocam impactos negativos. Não é o caso dos reflorestamentos que se verificam em Joinville, tendo em vista que eles estão sendo impantados e forma equilibrada que garante a cotinuidade da diversidade de lavouras, uma caracteristica que se estabeleceu desde o tempo dos desbravadores germânicos".

Flávio Eugênio Boldt, diretor de planejamento da fundação, ressalta que a entidade fomentou no ano passado o surgimento de 11 núcleos produtivos: palmáceas, olericultura, silvicultura, arroz irrigado, cana-de-açúcar, bananicultura, raízes, bovinocultura de leite, bovinocultura de corte, aves e suinocultura.
(Por Herculano Vicenzi, A Notícia, 12/06/2006)

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